domingo, 31 de janeiro de 2010

IV Domingo do Tempo Comum

Continuamos na sinagoga de Nazaré e acompanhamos a reacção dos conterrâneos de Jesus às Suas palavras. O interessante da narração lucana deste acontecimento na terra natal de Jesus é a contraditória postura das pessoas que O escutavam: inicialmente "davam testemunho em seu favor" e "admiravam-se com as palavras cheias de graça que saíam da sua boca", depois ficaram furiosos, expulsaram-nO e queriam mata-lO. O que levou a esta mudança tão súbita como radical dos nazarenos diante do seu nazareno mais conhecido?
O que levou à recusa de Jesus pelos seus foi por Ele se apresentar como profeta de um Deus não exclusivista, não nacionalista, não ao serviço dos anseios individuais e egoístas de alguns, mas uma Deus para todos, que age para lá das nossas fronteiras individuais e que se abeira das margens da sociedade. Tal como o profeta Elias foi enviado a uma viúva pagã, também Jesus é enviado a todas as solidões; tal como Eliseu cura um leproso estrangeiro, também Jesus toca em todo o corpo ferido e esquecido. O que não suportam os nazarenos é que Deus e a Sua salvação sejam para todos e não para uns eleitos; o que não suportam tantos religiosos é que Deus tenha uma perdilecção pelo pecador, pelo doente, pelo esquecido, por aquele que não se enquadra nos critérios legais e sociais de bom cidadão, do bom cristão, da boa pessoa.
Em Nazaré, visualizamos o fanatismo e a catolicidade: o primeiro enfurece-se, persegue, expulsa, excomunga, fecha todas as portas; a catolicidade (que quer dizer universal) procura, acolhe, caminha com, promove o encontro, abre o coração amorosamente como Paulo relembra na segunda leitura: "O amor é paciente, o amor é prestável, não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso, nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita nem guarda ressentimento. Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta". Disto se espera da Igreja de Cristo, do cristão.
De uma coisa tenho a certeza: há dois mil anos atrás ninguém conseguiu travar a vontade de Jesus que é a vontade de Deus. Ele passou no meu deles e seguiu o Seu caminho ao serviço de TODOS os homens. Nem quando o crucificaram, o Seu caminho em favor de TODOS foi travado. Nem quando, ao longo da história, tantos O crucificaram em tantos irmãos perseguidos pela sua diferença. Nem, hoje, conseguem trava-lO quando ostracizam tantos por serem diferentes, quando dispensam muitos por optarem por serviços novos, quando silenciam bastantes por serem profetas. Tanto ontem como hoje o cristão, a Igreja só tem um caminho. E esse caminho não é retê-lo como se Ele fosse uma propriedade nossa, mas é segui-lo ao encontro de Todos os outros.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Linguagem

O cansaço começa apoderar-se de mim. Os dias são cada vez mais curtos e as noites parecem cada mais mais longas e nunca mais amanhece. E isto é mau sinal. Ontem fiz o meu exame de filosofia da linguagem que deve dar para passar. Recebi a minha nota de estética que, atendendo às circunstâncias de nunca ter ido a uma aula e de ter pouco tempo para estudar, acabou por ser mais do que uma nota média. Hoje vou escrever mais uns capítulos da minha unidade lectiva sobre a Igreja porque logo tenho reunião do grupo de trabalho para os manuais de EMRC. E à noite vou à conferência que o meu amigo Jorge Pires Ferreira vai realizar, no Colégio Luso-Francês, sobre a doutrina social da Igreja, de que ele é uma especialista. A juntar a tudo isto aproximam-se dias maiores para os quais tenho que estar bem desperto, disponível e confiante. Tudo se conjugará. Sem stress.

Como habitualmente no fim de um exame deixo aqui um pouco do muito que aprendi, desta feita em Filosofia da Linguagem. É uma disciplina em que tenho reservas e discordâncias com aquilo que muitos dos seus mais proeminentes filósofos concluem e com o método que, por vezes, adoptam. No entanto, é, por vezes, encantador perceber como a linguagem é não só algo que nos caracteriza e distingue como humanos, mas também um local decisivo onde se joga a nossa relação pensamento-mundo. Na verdade, as ciências da linguagem, as neuro-ciências, etc. que visam a cognição do cérebro dizem muito pouco do que é pensar e de como, esse acto básico do nosso ser, se relaciona com o mundo. De facto, quem tem pensamentos são pessoas e não cérebros, os pensamentos relacionam-se mais com o mundo do que com os cérebros, o que faz um pensamento ser verdadeiro ou falso é o mundo e não o cérebro, o nosso guia na compreensão da relação pensamento-mundo é a linguagem (talvez não seja só, mas essa é uma boa discussão filosófica), esse "tesouro comum", na expressão de Frege, que a humanidade tem e que é transmitido de geração em geração.
Por falar em linguagem, mais uma tira da Mafalda. Um bom fim-de-semana.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Num Intervalo

Num rápido intervalo do estudo de filosofia da linguagem um post, mais uma vez inspirado numa música escutada na rádio, ontem, preso no trânsito do Porto: Estou Além de António Variações.
É uma música onde se expõe a tensão magnífica e tremenda da condição humana. A insatisfação permanente é causa de progresso, de desenvolvimento e procura de novos mundos e diferentes conhecimentos, de algo que nos preencha e que alimente a procura da verdade, da paz, de um espaço que nos complete e realize. Mas, também pode ser causa de ansiedade, de pressa, de fuga, de alienação, da condição vazia e paroxística de tantos dos nossos contemporâneos.
Enfim, viver é sempre caminhar à beira do abismo do vazio ou do sentido. Mas é sempre caminhar...
Aqui fica a versão incontornável dos Humanos.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Semana de Oração Pela Unidade dos Cristãos VI

Termina hoje a semana de oração pela unidade dos cristãos e, assim, coloco aqui o meu último post sobre o assunto.
Apresento o texto de opinião que D. Carlos de Azevedo, bispo auxiliar de Lisboa, publicou, na passada sexta, no Correio da Manhã. É com muito gosto que o faço porque conheço muito bem D. Carlos: foi meu directo espiritual no seminário e fora dele, foi meu professor, foi meu encenador em várias peças de teatro e, principalmente, apesar do tempo, da distância e das voltas da vida, é meu amigo. Com ele cresci muito, aprendi imenso e enraizei a minha fé.
O que me atrai no texto que aqui vou colocar é que ele toca, nesta altura da caminhada ecuménica, naquilo que me parece ser essencial: há que passar da fase do diálogo a uma outra, ainda que não saibamos bem qual. Só assim o diálogo não se transformará em imobilismo. Na verdade, o que se sente hoje é que é necessário dar um outro passo ou passos que aprofunde a comunhão e potencie a unidade, que não é, nem nunca queremos que seja, unicidade. Aqui ficam a lucidez e a oportunidade das palavras de D. Carlos. Parabéns amigo.

A semana da oração pela unidade dos cristãos, que termina a 25, é momento para reconhecer os passos dados no ecumenismo, ou seja, no esforço para encontrar meios e modos, atitudes e gestos que encaminhem para refazer os desencontros e as separações mais duras e importantes como a que originou os ortodoxos, no século XI, e a do protestantismo, ao longo do século XVI, com sucessivas cisões. Passo a passo, como todos os caminhos, requer paciência. As etapas intermédias são fundamentais: já se passou do anátema ao diálogo; do diálogo está a passar-se ao acolhimento e do acolhimento passaremos ao reconhecimento recíproco.
Podemos enumerar os principais frutos. Em primeiro lugar dissiparam-se inúmeros preconceitos e favoreceu-se a compreensão verdadeira, não facciosa, ou astuciosa ou polémica. O segundo fruto é ter mantido a possível compatibilidade de doutrinas que no passado eram apresentadas e vividas unicamente como antagonistas e alternativas. O terceiro é ter clarificado o núcleo irredutível de diversidades reais ou também divergências que não podem ser harmonizadas nem podem ser simplesmente consideradas complementares. A estação do diálogo deu o que podia dar e importa continuá-la sem a prolongar até ao infinito, iludindo os empenhos ulteriores. O diálogo pode tornar-se uma máscara do imobilismo das igrejas.
Perante a persistência das divisões entre as igrejas, admite-se não ter soluções simples a propor. Não há euforia ecuménica. A visão cristã da reconciliação deve empenhar todos os cristãos a procurar entre eles "incansavelmente" a unidade visível. Para isso será necessário "reexaminar as decisões", perguntando se elas não são produto de diferenças que noutros tempos foram consideradas fonte de divisão, mas hoje podem aparecer como um enriquecimento.
Além disso, os cristãos são chamados a dar passos: 1) Para avançar na unidade e chegar à comunhão é fundamental curar as feridas da memória, sobretudo com factos. 2) Favorecer a colaboração em todos os campos, evitando a rivalidade que destrói já que a construção de justiça social para com os pobres, os doentes, os marginalizados, os mais débeis e pequenos é a verdade da caridade. 3) Afirmar a igualdade de estatuto e de direitos das igrejas e dos povos minoritários. 4) Empenhamento comum pelo conhecimento sempre mais aprofundado da Bíblia. É esta palavra de Deus e o Seu Espírito que guiarão as igrejas para a comunhão.
O ecumenismo pede um novo arranque com a coragem da fé, uma vez que o olhar da esperança já abraça novo tempo.

domingo, 24 de janeiro de 2010

III Domingo do Tempo Comum

O Evangelho deste domingo divide-se em duas partes bem definidas, nas quais são apresentados dois objectivos: o de Lucas ao escrever o seu Evangelho e o da vida de Jesus. É sobre este último que vamos desenvolver a nossa reflexão de hoje.
Jesus solenemente, na sua terra e na sinagoga (portanto, no cerne da sua história, inserido no seu contexto cultural e humano), a partir da Palavra de Deus, entende, assume e apresenta aos seus o seu programa de vida. Depois do baptismo, onde Ele se sente chamado pelo Pai (vocação); depois das tentações no deserto, onde Ele sente a precariedade da natureza e da vontade humana, mas onde renova a sua vocação; agora, em Nazaré, pela leitura da Palavra de Deus, entende, assume e apresenta as linhas programáticas da vontade do Pai. Sabe que o Espírito de que se sente portador, não é para si nem para a solidão, mas impele-O ao encontro do outro com duas acções (dois verbos) fundamentais: evangelizar (dar uma boa notícia) e libertar.
E toda esta acção terá uma descriminação positiva, isto é Deus não é neutral diante do mundo porque opta preferencialmente pelo pobre. A Sua justiça faz-se porque Ele olha para o Homem, para o pobre, para o cativo, para o cego, para o oprimido e não olha para o pecado. O primeiro olhar de Deus é o homem, é o sofrimento que arruína a sua vida, é a opressão de que padece a humanidade.
Jesus é enviado com uma boa notícia: Deus é aliado do homem e não seu carrasco; Deus é boa-notícia e não big-brother vigilante; Deus é liberdade e não manipulação; Deus é visão e não areia lançada aos olhos para ocultar medrosamente a verdade; Deus é graça, gratuidade, dom amoroso e não comércio nem inveja nem ciúme. Não foi por acaso que Jesus tomou a liberdade de omitir a última parte da leitura de Isaías, que diz que o Senhor enviou o seu profeta a proclamar "o dia da vingança da parte do nosso Deus". (Is 61, 2b), porque a vingança não é definitivamente palavra do dicionário divino.
Não percebo porque perdemos tanto tempo em grandes programações pastorais. Esta continua bem actual e por concretizar. Somos ungidos para anunciar BOAS novas, notícias geradoras de esperança; somos ungidos a LIBERTAR não a carregar nem a hostilizar quem está cativo de tantas espécies de cadeias; somos ungidos a dar um OLHAR profundo e aberto, racional e humilde, credível e fraterno aos tantos cegos pela sociedade, pelo fundamentalismo, pelo preconceito, por uma religiosidade mal entendida e formada; somos ungidos a proclamar e a erguer um mundo da graça de Deus onde a descriminação seja a divina: primeiro os pobres, primeiro os esquecidos, primeiro toda a humanidade.
Um programa arrojado? Sem dúvida, é o programa de Cristo. Para quando o dos cristãos e das nossas comunidades?

sábado, 23 de janeiro de 2010

Semana de Oração Pela Unidade dos Cristãos V

A aproximação do próximo exame - e que exame - a Filosofia da Linguagem (matéria bem difícil) não me permitiu deixar aqui, ontem, o penúltimo texto sobre o ecumenismo.
Hoje recordarei a figura impressionante de João Paulo II, o papa que mais fez pelo reconhecimento das culpas da igreja romana e que deu o passo mais audaz ao pedir perdão pelos pecados dessa igreja ao longo da história no início da quaresma do ano jubilar de 2000. Seria fastidioso elencar aqui todos os seus gestos e todas as sua palavras pelo aprofundamento ecuménico. Recordarei somente três momentos e um pequeno discurso.
O primeiro momento é bem significativo dos obstáculos por que todo este movimento vai passando. Em Junho de 1989, o papa participou num encontro de oração, na catedral luterana de Roskilde, na Dinamarca, mas não lhe foi concedido o uso da palavra com a justificação a sair da boca do bispo luterano, Bertil Wiberg: "Não queremos que, ouvindo-o falar na igreja, alguns possam acreditar que João Paulo II seja também o nosso pontífice. O papa é bem-vindo, mas é bom frisar que somos nós que o estamos a receber e não ele a nós".
Nessa mesma viagem, já na Suécia, na igreja luterana em que o já aqui referido pai do movimento ecuménico, Nathan Soderblom, iniciara aquele movimento, o bispo luterano Bertil Werstrom abraça o papa e diz: "Naquele dia o apóstolo João era representado aqui pelo bispo ortodoxo; o apóstolo Paulo, pelo bispo luterano. Faltava o apóstolo Pedro. Hoje, também Pedro está aqui e chama-se João Paulo II". Wojtyla deposita um ramo de flores no túmulo de Soderblom e diz que está ali "em espírito de penitência" e faz um convite ao perdão mútuo.
Finalmente, em 1995, na Eslováquia aquando da beatificação de três mártires católicos condenados à morte pelas autoridades protestantes em 1619, o papa lembra na sua homilia os vinte e quatro evangélicos mortos pelos católicos, em 1687. Mas aquelas palavras são coroadas pelo papa que, quebrando o protocolo e inesperadamente, pede para parar o carro junto ao monumento dos referidos mártires calvinistas onde, debaixo de chuva, ora de pé e em silêncio. O bispo luterano, a quem João Paulo convida a rezar ali mesmo um Pai Nosso, dirá mais tarde ao jornalistas: "Jamais havíamos pensado que algo semelhante pudesse acontecer".
Finalmente e sem mais comentários deixo as palavras do papa na encíclica Ut unum sint em 1995:
"Deste modo, a Igreja Católica afirma que, ao longo dos dois mil anos da sua história, foi conservada na unidade com todos os bens que Deus quer dotar a sua Igreja, e isto apesar das crises, por vezes graves, que a abalaram, as faltas de fidelidade de alguns dos seus ministros, e os erros que diariamente investem os seus membros. A Igreja Católica sabe que, graças ao apoio que lhe vem do Espírito Santo, as fraquezas, as mediocridades, os pecados, e às vezes as traições de alguns dos seus filhos, não podem destruir aquilo que Deus nela infundiu tendo em vista o seu desígnio de graça. E até « as portas do inferno nada poderão contra ela » (Mt 16, 18). Contudo, a Igreja Católica não esquece que, no seu seio, muitos eclipsam o desígnio de Deus. Ao evocar a divisão dos cristãos, o Decreto sobre o ecumenismo não ignora « a culpa dos homens dum e doutro lado".

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Semana de Oração Pela Unidade dos Cristãos IV

Com Paulo VI e com os textos ecuménicos do Vaticano II o diálogo entre as diferentes confissões cristãs sai reforçado e motivado. Sucederam-se os gestos carregados de simbolismo do papa Montini, principalmente com os irmãos ortodoxos, para os quais o papa se virou com uma profunda e sincera vontade de diálogo. São dois os gestos mais significativos. Em 6 de Janeiro, na cidade santa de Jerusalám, Paulo VI dá o beijo da paz ao patriarca Atenágoras. E, em 14 de Dezembro de 1975 (no décimo aniversário da reconciliação com Constantinopla), em plena Basílica de S. Pedro, Paulo VI, vestido com os paramentos litúrgicos, beija os pés do metropolita Melitone, o enviado do patriarca de Constantinopla, reparando assim o gesto do papa Eugénio IV que, no concílio de Ferrara-Florença (1431-1445), em nome de unificação das igrejas ocidental e oriental, obrigara o patriarca José II a beijar-lhe os pés.
O texto que hoje deixo aqui foi proferido por Paulo VI diante do Concílio, em 7 de Outubro de 1965, por altura da abolição recíproca das excomunhões de 1054 entre a igreja romana e a igreja oriental.

Afirmamos diante dos bispos reunidos em Concílio Ecuménico Vaticano II, sentir viva dor pelas palavras ditas e pelos gestos feitos naquele tempo e que não podem ser aprovados. Desejamos, além do mais, remover e banir da memória da Igreja, considerar completamente sepultada no esquecimento, a sentença de excomunhão imposta naquela época.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Semana de Oração Pela Unidade dos Cristãos III

O papa João XXIII é uma figura decisiva e programática da igreja católica; é uma daquelas manifestações do Espírito tão notável e tão notória que faz qualquer católico sentir-se reconfirmado na sua convicção de que o Espírito (também) conduz a sua igreja.
João XXIII integra, finalmente, a igreja católica no movimento ecuménico criando o Secretariado para a União dos Cristãos (1960) e, principalmente, convidando os irmãos separados a serem observadores nos trabalhos do concílio Vaticano II. Concílio que dedicaria às igrejas irmãs um documento incontornável e inédito na igreja católica.

Deixo aqui um diálogo de João XXIII com Roger Schutz (fundador da comunidade ecuménica de Taizé) pouco antes de morrer. Respondendo à pergunta de Roger, «Que testamento nos deixa para Taizé?», o papa Roncalli dirá: «Não andemos à procura de quem errou e de quem tem razão, mas vamos reconciliar-nos (...) Vós estais na Igreja. Ficai em paz». E vendo que Roger insistia dizendo: «Mas então somos católicos!», João XXIII disse-lhe: «Sim, já não estamos separados».

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Semana de Oração Pela Unidade dos Cristãos II

Nesta semana de oração pela unidade dos cristãos vou colocando aqui alguns textos significativos que desencadearam e aprofundaram a necessidade de tudo se fazer para colocar em prática a oração de Jesus: "para que sejam um só, como Nós somos" Jo 17, 11.
É de justiça referir que os pioneiros do movimento ecuménico foram os nossos irmãos protestantes. Por várias vezes eles convidaram os católicos a participarem em conferências, com as diferentes igrejas, para reflectirem e aprofundarem o movimento ecuménico. Como, por exemplo, para as de Estocolmo (1925) e de Lausanne (1927), mas os católicos recusaram sempre estar presentes. Ainda por cima, Pio XI, publicaria em 1928 uma encíclica em que manifesta a sua suspeita sobre aquele movimento e reafirma a doutrina tradicional, que basicamente consistia em culpar os outros pela divisão. João Paulo II homenageou aqueles pioneiros ecuménicos nas suas viagens à Suécia (país do bispo luterano Soderblom, que intercedeu imenso junto dos católicos pela sua participação no movimento) e à Escócia (lugar de um dos primeiros encontros entre igrejas cristãs - sem a católica - realizado em 1910).
Das muitas declarações significativas que aqueles encontros produziram transcrevo hoje uma que, pela sua concisão e pela sua assumpção de culpa, penso ser significativa. Foi produzida em Amesterdão em1948, no primeiro Conselho Ecuménico das Igrejas, ainda com a ausência da igreja romana. Eis o pequeno texto:
Somos Igrejas Cristãs que desde há muito não são compreendidas, são ignoradas e desfiguradas de modo recíproco; somos de países que por repetidas vezes estivaram em guerra, somos todos pecadores e herdeiros dos pecados dos nossos pais. Nós não estamos a corresponder à bênção que Deus nos deu.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Semana de Oração Pela Unidade dos Cristãos

Nos últimos dias tenho lido, para a unidade lectiva que estou a escrever sobre a Igreja, um livro interessantíssimo sobre os pedidos de perdão pelos pecados da Igreja, feitos por João Paulo II ao longo do seu ministério. O livro é um excelente repositório de pequenos textos, histórias e acontecimentos que não vêm nos grandes livros de história, mas que também a tecem.
Como estamos na semana de oração pela unidade dos cristãos vou deixar aqui alguns textos significativos sobre esta esperança e esta necessidade, que me parecem tão esquecidas e tão desmotivadas, de cultivarmos a unidade em vista de uma Igreja Cristã mais rica e mais profunda na sua diversidade e pluralidade. Recordo aqui a minha experiência no secretariado da juventude quando participei activamente nesta semana e nos fóruns ecuménicos. Foi uma experiência inesquecível e de uma riqueza humana e cristã muito significativa.
O texto que hoje vou deixar aqui é o texto que Adriano VI (o último papa não italiano antes de João Paulo II), papa de 1522-1523, enviou à Alemanha para tentar parar a adesão dos príncipes alemães ao monge Lutero, excomungado pelo seu antecessor, Leão X (um papa de triste memória), em 1520. O interessante deste texto, lido em 3 de Janeiro de 1523, na Dieta de Nuremberg, é que é o primeiro em que a Igreja Católica reconhece a sua culpa na desagregação da unidade cristã. Mais interessante ainda é descobrir que foi preciso chegar a Setembro de 1963, para um papa, Paulo VI, reafirmar aquela culpa.
Eis o texto de Adriano VI:
Nós sabemos muito bem que também nesta Santa Sé, alguns anos ora são passados, aconteceram coisas simplesmente abomináveis: abusos de coisas sagradas, prevaricações nos preceitos, e tudo, afinal, voltado para o mal. Portanto, não é de espantar que a doença se tenha espalhado da cabeça para os membros, dos papas para os prelados. Nós pretendemos fazer valer todas as diligências para que, em primeiro lugar, seja corrigida a corte romana na qual, talvez, todos esses males tenham começado; aqui e agora, terá pois início o saneamento e a renovação, assim como foi aqui que teve origem a enfermidade. Nós julgamo-nos tanto mais obrigados a pôr em acção essas providências, quanto mais o mundo deseja ardentemente uma reforma. Ninguém, no entanto, deverá admirar-se se não eliminarmos todos os abusos de uma só vez. A doença está, na verdade, profundamente arraigada e apresenta múltiplas formas. É preciso, portanto, actuar a pouco e pouco, a fim de primeiramente tratar com medicação adequada os males mais graves e mais perigosos, a fim de não criar uma confusão ainda maior, em resultado de uma reforma apressada.

domingo, 17 de janeiro de 2010

II Domingo do Tempo Comum

Na Eucaristia dominical de hoje é proposta à nossa reflexão a passagem bem conhecida das bodas de Caná. O evangelista João identifica os milagres de Jesus como sinais para que sejamos capazes de olhar para aquilo que eles apontam que é algo de distinto do que à primeira vista parecem ser. Desta forma olhemos para o sinal de Caná tendo em conta que ele se realiza ao terceiro dia (omitido na leitura litúrgica pelo habitual "naquele tempo"), o que para os cristãos traz imediatamente à recordação o domingo da ressurreição; que as bodas esponsais são imagem da aliança de Deus com o povo de Israel (confrontem a primeira leitura de Isaías de que destaco a parte final: "Tal como o jovem desposa uma virgem, o teu Construtor te desposará; e como a esposa é a alegria do marido, tu serás a alegria do teu Deus".); que o vinho é símbolo da alegria proveniente do Amor, cimento daquela aliança; que as seis talhas de pedra, além de o seu número significar algo de incompleto, usadas para as purificações prescritas na lei, significam a antiga aliança (tábuas de pedra) e as suas prescrições; que a exclamação do chefe da mesa que fala de um vinho bom guardado "até agora" significa que este é o tempo da salvação; finalmente, que a figura da mãe de Jesus é símbolo da esperança daqueles que permanecem fiéis à promessa do Senhor.
Como se vê são imensas as referência e as pistas que João nos deixa. Hoje deixo uma leitura muito simples para todos nós, Igreja, onde a diversidade dos dons do Espírito brotam do mesmo Espírito, ao serviço do sonho do mesmo Senhor: o bem e a salvação do Homem (confrontem com a segunda leitura de Paulo 1 Cor 12, 4-11).
Num mundo tão enredado nos seus poderes e feitos tecnológicos que se esquece sobre aqueles à custa dos quais constroi a sua riqueza e a sua comodidade, que subestima o carácter falível do seu conhecimento, que se espanta pela força tão primária da natureza, que desperta estremunhado e incomodado com o aviso natural de que tudo tem um fim e de que nada é eterno, somos chamados a algo mais de que uma adesão sociológica a uma religião.
A um mundo carregado de obscuridade, torturado pela morte de tantos inocentes, que perdeu o vinho da alegria, do convívio solidário, do amor gratuito o crente é chamado a levar, não esquemas antigos, não leis desumanas e anacrónicas, não ritos e costumes que se revelam fontes estéreis e secas de sentido e significado, não a frieza empedernida de quem debita condenações e estigmas sobre os outros que não compreende, não a preocupação com a opinião ou estilo de vida contrários aos "bons costumes".
Pelo contrário, somos chamados é a levar a absoluta novidade de Jesus, o verdadeiro vinho bom e não a zurrapa com que muitos têm vindo, ao longo de séculos, a alimentar ateísmos e terrores, com um Deus que Cristo sempre denunciou e combateu. Jesus é o amor que substitui a lei, é a alegria da festa que substitui o temor do castigo, é o injustiçado sofredor que partilha o sangue, a dor, as lágrimas e os gritos de desespero de todos os que hoje pelo mundo todo e, até à nossa porta, erram pela sua razão à procura de um porquê. Transformar a água em vinho é o desafio da Igreja de hoje e de ontem: dar sabor e sentido à existência. Que sabor é o nosso? Vivemos uma fé encorpada e real? Espalhamos uma aroma de frutos sempre novos e frescos? Estamos ao serviço do convívio e da solidariedade? Sentamos à mesa, à mesa do verdadeiro pão e do verdadeiro vinho, todos os homens e mulheres sem excepção nem distinção, sem perguntar por estados de vida nem pelo passado? Somos um vinho apelativo e gratuito pata todos?
Ah Maria, minha mãe, ajuda-nos a todos, a todos mesmo, a fazer tudo o que Ele nos diz...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Porquê Silenciar?

Leio que a agência de rating Moody's afirmou esta semana que a economia portuguesa corre o risco de morte lenta. O banco de Portugal afirma que o crescimento português poderá aumentar em 2010, mas à custa consumo privado, logo à custa de mais endividamento, de mais importações, de mais défice externo e de menos investimento privado.
Espanto-me com a descarga da barragem de Alqueva (a primeira vez que encheu em oito anos) que provocou o afogamento de 71 cabeças de gado. Enfim, a montante continua-se a não aproveitar agricolamente, por atrasos e ineficiência, o maior lago artificial da Europa e a jusante não se avisa convenientemente quem ainda aposta na agricultura em Portugal.
Descubro que afinal a Câmara de Lisboa vai pagar pelo Red Bull Air Race 1,75 milhões de euros, enquanto Porto e Gaia pagaram 800 mil! Na altura, a câmara mais endividada país disse que a corrida não ia ficar mais cara que no norte, afinal...
Finalmente, o programa de Marcelo Rebelo de Sousa na RTP (que eu não via regularmente), com uma audiência acima da média da televisão pública, é silenciado em nome de um hipotético pluralismo da informação pública.
Reacções políticas? Propostas responsáveis? Verdade aplicada? Nada. Como diria Eça, Portugal continua a ser politicamente um "sítio mal frequentado".

Por falar em reacções, não consegui calar a revolta que senti ao ler (aqui) e depois escutar estas declarações vergonhosas do bispo de San Sebastian, José Ignacio Munilla: Existem males maiores do que os que esses pobres do Haiti estão a sofrer estes dias (...) também deveríamos chorar por nós, pela nossa pobre situação espiritual, pela nossa concepção materialista de vida. Quiçá é um mal maior o que nós estamos padecendo do que aquele que esses inocentes também estão sofrendo
". Por isso, enviei-lhe este mail para que ele tenha consciência de que há católicos que, pertencendo ao rebanho de Cristo Bom Pastor, não se comportam como carneirada de lideres míopes, insensíveis e estúpidos. Fica o mail, podia estar melhor, mas foi assim escrito, curto e grosso, porque existem coisas que não há diplomacia que amanse. Um bom fim de semana.

Sou católico praticante, teólogo e professor de religião num colégio católico. Só para dizer que lamento profundamente as declarações pagãs do Bispo José Ignacio Munilla. Pior do que terem sido públicas foi terem sido pensadas. Que Deus lhe perdoe.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

No Rescaldo de Um Exame de Estética

O que mais gosto no curso que estou a tirar - Filosofia - é o seu contributo para cultivar um forma diferente de pensar e de olhar. É a capacidade característica que ele permite em questionar o senso comum, em reflectir o aparentemente óbvio e em nunca entender as conclusões como um sistema fechado, uma definição conceptual concluída e definitiva. Algumas horas depois do exame de Estética fica o doce sabor, não de um exame bem feito (que não foi o caso nem para o qual estava particularmente preparado), mas de uma pedagogia do olhar que o estudo desta disciplina me deixou. Lamento mesmo muito não ter podido ir a nenhuma aula.
Diz Rilke que "os nossos olhos estão virados inteiramente para si mesmos", isto é vêem o que não se mostra, vêem como se vê quando se vê. Vêem o invisível, não que algo esteja escondido (sensível ou supra-sensível) na obra de arte, mas o invisível que é a forma como olho. Quando olhamos, o invisível é o nosso olhar e se nos determos atenta e reflexivamente nele vemos nascer um mundo novo, sem começo nem fim, o nosso mundo, aquilo que somos. Por isso, quando olho um quadro ou escuto uma música não procuro descobrir o que o autor tenta dizer ou como se sentia, procuro, sim, é perceber quem sou, como vejo ou como escuto. Assim toda a arte que é arte é abstracta porque não tem em si um significado, uma intenção, mas uma pluralidade de sentidos que brotam do meu próprio corpo lançado no mundo.
Das várias obras apresentadas deixo aqui uma de Edvard Munch, da fase do seu conhecido Grito. Chama-se Ansiedade e penso poder ser uma parábola do homem contemporâneo que fica à consideração de quem a quiser contemplar. Coloco-a ao lado de outra ainda menos conhecida, Desespero, porque simplesmente assim, lado a lado, completam o meu olhar.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Baptismo do Senhor

Peço desculpa a todos os que gostam de passar por esta varanda sobre os (meus) dias por não actualizar este espaço como deveria, mas a proximidade do exame de estética (terça-feira), a minha ausência de todas as aulas por impossibilidade de conjugar o meu horário lectivo com o da faculdade e o pouco tempo que aquela actividade me deixa levam a que me tenha que dedicar mesmo intensamente ao estudo para ver se faço a disciplina. Aqui fica a habitual reflexão sobre o Evangelho de hoje. Regressarei na quarta-feira. Uma boa semana para todos.

É sempre emocionante ver Jesus partilhar o espaço dos pecadores: "quando todo o povo recebeu o baptismo, Jesus também foi baptizado". É o amigo de pecadores de que tanto o acusaram durante a sua vida pública. É o Deus que se solidariza, não com o pecado, mas com o pecador. E é aí, no meio do Homem, entre aqueles que assume como seus, é aí no meio do mundo e da história que Deus se lhe revela e o envia. É aí que Deus o baptiza verdadeiramente, não com a água da natureza, mas com o Espírito Santo e é aí que Jesus escuta a revelação que Deus lhe faz. E o que diz essa revelação é muito clara: é aí no meio do mundo que deves ser Filho; é aí para os homens do teu tempo que eu te envio, é aí que te identificas totalmente com a minha vontade.
E o que faz então, Jesus? Põe-se a baptizar no deserto?
Não, parte para o meio dos seus, aproxima-se do sofrimento das pessoas, dedica-se a ter gestos de bondade por uma família humana mais justa e fraterna, espalha uma palavra de misericórdia, de esperança, de renovação de Deus e do mundo. Integra-se nos dias para actualizar em cada momento a Salvação, que não é algo de teórico ou espiritual, mas é serviço concreto e libertador do Homem.
Também o nosso baptismo não é o da água, mas o do Espírito que nos envia ao mundo de hoje. É interessante verificar que foi enquanto orava que Jesus recebeu o baptismo do Espírito e escutou a voz do Pai. A oração do baptizado só é cristã se o colocar no mundo, se mover os seus pés no anúncio da paz, se mover as suas mãos na entrega generosa e solidária, se mover os lábios com palavras que levantam e elevam, se mover o coração numa fé amorosa sem fingimento. Assim, se cumpre todos os dias o nosso baptismo que não é de conversão pessoal, mas de transformação da vida pessoal e comunitária. Falta cumprir-se o baptismo da Igreja.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Reencontros

Ontem regressei com as aulas ao colégio Luso-Francês. Raramente os reencontros que se contam são pouco queridos. Este não foge ao estereótipo. Foi bom voltar a ver os colegas, os alunos e os amigos. Será um início de segundo período pouco presente física e mentalmente por causa dos exames na faculdade, mas tentarei ser professor. Que é o que tento todos os dias.
Hoje voltei a vir de transportes públicos para o Porto. Apanho o comboio, o metro e o autocarro. Apesar de me ter que levantar muito mais cedo do que quando venho de carro, são sempre um prazer pedagógico estas viagens. Podemos ler, escutar as pessoas, olhar a paisagem, sentir o palpitar humano e das histórias de humanidades. Faz-me sentir próximo e solidário. As circunstâncias da vida obrigam-nos tantas vezes a distanciarmo-nos que sabe sempre bem o reencontro. Nas laudes que rezei, com alguns alunos, minutos depois de chegar ao colégio, recordei os rostos que com os meus olhos se cruzaram. Uns cansados, outros distantes, outros simpáticos, outros apaixonados e outros... rostos "apenas" de que me esqueci, mas que ali a todos coloquei.
E, por falar em reencontro, hoje reencontrei-me com o Grande Ditador de Charles Chaplin, um dos grandes filmes da História, e deixo aqui o seu momento final que é uma grande profissão de esperança e fé na humanidade que Deus subscreveria. Um momento digno desta véspera de Reis que celebrarei logo com a minha família. Vai saber bem mais um reencontro...

domingo, 3 de janeiro de 2010

Epifania do Senhor

A parábola de Mateus sobre os Magos é um dos textos mais interessantes sobre a procura do homem de fé e, principalmente, sobre o carácter universal da vinda de Jesus: Jesus veio para todos os homens e mulheres, judeus ou não judeus, brancos ou de cor, casados ou solteiros, etc.
Mas hoje gostava de me deter no início do texto deste domingo, onde se disputam Jerusalém e Belém, o rei dos judeus - proclamado pelos magos - e o rei de Jerusalém, Herodes, perturbado com a cidade pela ousadia daqueles orientais. Jerusalém aparece assim como o local onde os sinais de Deus se perdem (a estrela foi vista no oriente e só foi reencontrada quando os Magos regressaram ao caminho para Belém), onde o coração dos homens não se deixa mover pela Palavra de Deus (os escribas e os príncipes dos sacerdotes limitam-se a ler o profeta, mas nada mais fazem a não ser alimentar os projectos malévolos de Herodes), onde o que guia o homem são os projectos de poder, do egoísmo, da ambição desmedida, de que todos os fins justificam todos os meios, dos palácios e dos poderes que vivem no temor permanente de verem o seu sucesso desmoronar-se.
Na verdade, hoje o cristianismo tem que colocar o homem diante desta decisão: o efémero ou o eterno? Os palácios e as capitais de todos os tipos de poder ou o essencial que é invisível aos olhos? A febre de viver tudo já e agora como se não houvesse amanhã (nem que para isso tenha que se sacrificar a vida de muitos como fez Herodes) ou a opção pela aposta na espiritualidade quotidiana do simples, do pobre, da presença de Deus nas pequenas coisas?
Neste dia de Epifania, a resposta de Deus é muito clara: só o encontra quem sai da efemeridade dos seus palácios (sejam interiores ou exteriores), quem se deixa tocar e mover pela Palavra, quem sai do comodismo das suas certezas, quem se coloca a caminho, quem se abre à surpresa permanente de Deus, quem dá mais valor ao sorriso de uma criança ou ao regaço da mãe que a todas as experiências ou feelings momentâneos, quem dá uma oportunidade às estrelas de Deus, na profusão de estrelas do mundo.
Jesus exige uma opção desde o seu nascimento. E exige hoje a cada homem e a cada mulher. Melhor, o mundo, a situação presente exige uma opção entre a universalização da crise ou a universalização da salvação. O Senhor há muito fez a sua opção, mas o homem ainda não. Até quando? Quantos mais inocentes terão que perecer para que o homem acorde?