domingo, 12 de julho de 2009

XV Domingo do Tempo Comum

Diante do evangelho de hoje assalta-me uma pergunta inevitável: que conselhos daria hoje o Mestre aos seus discípulos enviados ao encontro dos homens e das mulheres hodiernos? Que indicações precisas nos daria sobre como anunciar o seu estilo de vida e a sua forma de se relacionar com os outros, com as forças que nos tolhem e com o Pai?
Penso que pouco mudaria: não diria o que dizermos porque não são palavras que temos que debitar mas uma forma de ser e estar que negue o supérfluo e que afirme uma absoluta confiança no poder de Deus; apostaria no relacionamento pessoal e íntimo porque pretende conversões pessoais e não adesões superficiais; reafirmaria que, diante da recusa do testemunho do amor, nenhuma violência se justifica a não ser de deixar só quem apenas se quer a si.
Assim, a missão para hoje só será eficaz se for pobre, próxima e tolerante.
Mas deixai que sublinhe a ordem para ficarmos em casa de quem nos acolhe.
A casa de cada um, de cada família é o espaço onde cada um é aquilo que é, onde cada um se afirma não pelo que faz, não pelo lugar que ocupa na sociedade, mas pelas relações mais profundas que enceta e que cultiva e que, por isso, é onde a verdade do que é se expõe sem subterfúgios. É aí que Jesus propõe que se dê o verdadeiro encontro com o Pai, é aí que se forjam as grandes opções pessoais, é aí que o crente pode com o seu estar, com a sua palavra irmã, com a partilha das funções e dos sentimentos ser verdadeiro anúncio e presença do amor cristão. Aí nasce a comunidade. Foi aí, nas casas dos discípulos, que surgiram as primeiras comunidades cristãs de que somos todos filhos. O lugar do encontro com Deus, do confronto com a sua palavra, da oferenda que verdadeiramente lhe agrada, da partilha não ritualizada deixou desde da génese do cristianismo de ser um monopólio dos templos e das sinagogas para ter a sua preferencial (não única porque temos as margens do lago, o pequeno monte, o poço de Sicar, etc, etc) expressão no espaço que todo o homem mais valoriza: a sua casa, a sua mesa, a sua família. Estou convencido que será aí que os cristãos se voltarão a reencontrar consigo, com o seu Deus e com o outro. É por isso que a missão proposta por Jesus hoje e para hoje é cada vez mais uma missão de proximidade e cada vez menos uma estação de serviços religiosos.
Logo, é uma missão para todos nós.

1 comentário:

Salete disse...

Cada um de nós que acredita que deve dar um sentido à sua vida, individual e em comunidade, deve sentir-se em missão.
Significa dar um sentido à vida única que temos, fazer render os "talentos" ao serviço, seja qual foi o objectivo (individual, ou colectivo).
O encadear de actos concretos que revelam o que somos, que deixam um rasto que nos pode tornar "imortais".
Estar em missão é estar a caminho, mas fazendo caminho.