domingo, 31 de maio de 2009

Pentecostes

Se a festa da Ascensão é a festa da responsabilidade do cristão, do lançar à vida e ao mundo o cristão para que ele aprenda a viver e a amar na aparente ausência do seu Mestre, no confronto tantas vezes brutal com o aparente silêncio de Deus, a festa do Pentecostes é a festa da humildade do cristão.
Em Pentecostes percebemos que tudo é dom d`Ele, tudo é obra do Espírito de Jesus Ressuscitado em nós, nada conseguiríamos se não nos fosses inspirado pelo Espírito. Esta é a festa da humildade porque o cristão sabe-se totalmente dependente do Espírito: pode ser forte, mas é o Espírito que lhe dá a fortaleza; pode ser sábio, mas é o Espírito que lhe dá a sabedoria; pode ser religioso, mas é o Espírito que lhe dá a fé; pode ser eloquente, mas é o Espírito que lhe ensina a rezar; pode ser entusiasmante, mas é o Espírito que lhe dá carácter profético; pode ser capaz do amor, mas é o Espírito que o leva a amar; pode sentir-se fascinado por Cristo, mas é o Espírito que o faz cristão.
Neste dia, o cristão agradece o dom do Espírito que, como um sopro, Jesus espalha sobre todos os homens. Sim, todos os homens: cristãos ou não; crismados ou não; praticantes ou não; colaboradores paroquiais ou não; próximos ou distantes. Sobre todos porque quando uma mãe abraça o filho é obra do Espírito; quando um filho trata carinhosamente dos pais doentes é obra do Espírito; quando os amigos se juntam à volta da mesa e trocam ajudas, conselhos ou simplesmente risadas é obra do Espírito; quando alguém no silêncio do seu quarto ou do seu coração ergue a sua voz a um deus qualquer é obra do Espírito; quando uma par de enamorados estremece de emoção e se deixa levar pelo seu amor diante de um nascer do sol é obra do Espírito; quando milhares de voluntários se juntam ao Banco Alimentar Contra a Fome, neste fim-de-semana, é obra do Espírito; quando uma criança chega perto de outra e lhe diz: queres ser meu amigo? é obra do Espírito. Não, o Espírito não é propriedade dos cristãos, domínio dos católicos, exclusivo do Crisma. O Espírito de Jesus Ressuscitado é património da humanidade e criação de humanidade. É garantia que ser humano é possibilidade e realidade. Assim, todos O saibam acolher porque ele jorra não de numa fonte institucional, mas da boca ("E inclinando a cabeça entregou o Espírito" Jo 19, 30) e do sopro vital de Jesus de Nazaré ("Soprou sobre eles" Jo 20, 22). E Este não faz acepção de pessoas...

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