Hoje, dou por encerrada a minha reflexão pessoal sobre a vida e o como nela se joga esse conceito tão estéril como dúbio que é a felicidade. O mais interessante destes meus dois últimos posts foi ter provocado uma génese de reacções: de um lado aqueles que se deixaram interpelar individualmente e optaram por uma catarse pessoal seja exterior ou interior; e de outro lado aqueles que viram em mim uma não habitual desesperança e melancolia de desistência.
Em nenhum momento me fiquei pelo sem sentido, pelo contrário escrevi que partilhava angústias e resoluções ("Vou ser forte e vou-me erguer/ter coragem de querer/não ceder nem desistir"), que assumia a vida como um acto de amor em que se assumem fragilidades e limitações com uma esperança convicta no carácter redentor do amor("Busquei nas palavras o conforto/dancei no silêncio morto/e o escuro revelou/que em mim a luz se esconde").
Há pouco li a entrevista que saiu no sábado passado do psicanalista Carlos Amaral Dias deu ao Expresso. E, apesar de não partilhar muitas das suas conclusões, partilho aquela que penso encerrar bem a reflexão desta semana: "Não acredito no conceito de felicidade. É uma nivelação por baixo aquilo que se pode esperar da vida - e o que se pode tirar da vida é a capacidade de tirar prazer da existência humana, sabendo coabitar ao mesmo tempo com o sofrimento que é inerente à espécie. Felizes podem ser, talvez, os besouros. A complexidade da inteligência impede-nos." Aliás, são a dor e a angústia que nos motivam a ir mais longe; são os limites e as fragilidades que nos empurram em busca de um futuro melhor; é a nossa finitude radical que nos faz olhar o finito e o limite como horizonte e limiar. Ao contrário de Amaral Dias, só aceitaria a felicidade como uma utopia comunitária que nos impele à não conformação com o estado em que estamos e com o mundo em que vivemos. Mas prefiro a utopia do amor que encerra todo o impulso referido e exige ser construída em comunidade, com "o outro" presente a meu lado, com o que "o outro" do passado nos legou e com "o outro" vindouro para o qual queremos deixar algo muito melhor do que encontramos.
E porque o meu brother espera uma música que se adeqúe à minha maneira de ser, aí está uma muita antiga de Mercedes Sosa, Todo Cambia, porque tudo muda, menos a amor. O meu amor...
sexta-feira, 15 de maio de 2009
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