Alguns amigos têm mostrado carinhosa preocupação com o meu último post. Isso é reconfortante e mobilizador, mas não devem estar muito aflitos, mesmo com as suas angústias, sejam de que espécie for.
Tenho aprendido com Nietzsche, nas aulas de estética, que a verdadeira arte é aquela que não mascara a vida em todas as suas dimensões, que não recusa nem foge da violência e da brutalidade dilacerante que a vida também encerra. Pelo contrário, enfrenta-a e assume-a em todas as suas diferentes faces. Assim penso que também o homem é chamado a viver e a fazer da sua vida uma autêntica obra de arte porque, para Nietzsche (e muito bem), pensamento, arte e vida não se distinguem. Este é o desafio, que, embora o filósofo alemão recusasse violentamente, nos é proposto pelo cristianismo: fazermos da nossa vida uma obra de arte, como uma bela tragédia clássica que desafia e coloca interrogações e não como uma telenovela que entretém e narcotiza os seus pobres espectadores. Uma obra de arte onde sejam bem visíveis as feridas abertas e cicatrizadas das nossas opções, por certo nem sempre acertadas, mas feitas com amor e por amor.
Hoje, no companheiro blog do amigo José Rui, descobri um outro blog (o rasto dos cometas) onde recordei um belo texto do meu companheiro, amigo e saudoso Daniel Faria que é uma bela explicação da razão do meu post anterior. Aqui fica para ler lentamente...
"Creio que o mais egoísta dos homens é aquele que recusa dar aos outros a sua fragilidade e as suas limitações. Quem recusa aos outros a sua pequenez, comete um dos mais infelizes gestos de prepotência. E porque aí se rejeita, aos outros não poderá dar senão o sofrimento da perda. Querendo-se sem falha, será o mais incompleto dos seres".
Daniel Faria
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