Sexta-feira visitei duas cidades com quem ao longo da minha vida criei laços inquebráveis.
Estive em Coimbra algumas horas e recordei a primeira vez que Coimbra deixou de se me referenciar pelo Portugal dos Pequeninos, que era, na então escola primária, visita obrigatória. Foi no início dos anos noventa que fiz um acampamento nacional de escuteiros em Mira e conheci um agrupamento de Coimbra (os outros do meu grupo eram de Ovar, Nogueira do Cravo e, penso que de Braga). Lembro-me de muitas das suas faces e fiz, então, duas grandes amigas: a Sandra e a Sofia Bajouca. Ainda nos encontramos algumas vezes e com elas descobri Coimbra. Na sexta voltei a entrar na Igreja de Santa Cruz e no seu claustro manuelino, voltei a admirar os túmulos dos dois primeiros Reis de Portugal e a deliciar me com o púlpito renascentista de Chanterenne. Passei o Arco de Almedina, subi a rua do Quebra-Costas e revisitei a austera e delicada Sé Velha de Coimbra e o mais antigo claustro gótico português. Desci a Rua José António de Aguiar e apreciei a decadência quase arruinada da medieval Casa-Nau. Quando estive em Válega voltei a visitar algumas vezes Coimbra porque tinha paroquianos a estudar na sua universidade. Assim, em Coimbra recordei tantos amigos, muitos de quem perdi o contacto. Mas em Coimbra são muitos que recordam a saudade e que lá voltam de olhar desperto porque em cada recanto pode haver um reencontro. Por isso, nunca deixo de regressar a Coimbra.
Ainda na sexta, fui dormir a Viseu.
Viseu é uma recordação de infância. Descobri-a de mão dada com a minha tia Té e o meu tio Luís. Foi la que, pela primeira vez, entendi que a Rua Direita é quase sempre das mais tortas. Foi lá que descobri, na Igreja dos Terceiros, que havia santos de pele negra. Foi lá que visualizei a Igreja fundada sobre a rocha ao observar as impressivas penedias sobre as quais assenta a capela-mor da Catedral. Vária vezes voltei a Viseu, mas sinto-a sempre como uma cidade da minha infância. Por isso, quando subia a escadaria dos Terceiros para voltar a entrar na sua Igreja desenhava-se na minha memória a figura severa, mas grata do Cónego Martins, padrinho do meu tio Luís, então capelão desta igreja.
Em Viseu fiquei alojado na sua nova Pousada de Portugal, que ocupa o antigo hospital.
Foi mais uma recordação de infância porque há muitos anos tinha ido lá visitar a Maria José, irmã do Tio Luís. Está uma recuperação preciosa e a exigir, pelo menos, uma visita. Finalmente, uma recomendação gastronómica: O Cortiço, na Rua Augusto Hilário. Bela cozinha beirã, profundamente portuguesa em abundância e sabores. Com vinhos a preços justos.
Em Viseu revivi a infância, mas saboreei o presente como um adulto.
terça-feira, 26 de maio de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Já andei tanto por Portugal, e na realidade essas duas cidades nunca fizeram parte do meu roteiro patriota. A cidade de Coimbra será possivelmente uma das cidades com mais simbolismo, mais recordações e que deixa mais saudade a todos aqueles que a viveram.
Um dia quem sabe...
Enviar um comentário