domingo, 24 de maio de 2009

Ascensão de Jesus

Se na semana passada, sublinhava a "lei" do amor como princípio vital de toda a mensagem cristã, hoje, em dia de Ascensão, podemos dizer que o amor Cristão, como todo o verdadeiro amor, não infantiliza, não quer os filhos sempre à sua volta, não é uma segurança cómoda e individualista, não espera pela decisão do outro. Pelo contrário, ensina a sair, a descer o monte, a saltar do ninho, a aprender a viver sem o Mestre visivelmente ao lado, tal como o verdadeiro pai quer que o filho se autonomize.
O que esta festa nos diz, e em consonância com o Deus é amor, é que Jesus não quer cristãos infantis, incapazes de pensar pela sua própria cabeça, dependentes dos ditames dos seus superiores, sem procurar o porquê, sem colocar nada em causa. Jesus não quer comunidades cristãs mentalmente dependentes nem manipuláveis nem manipuladas. Por isso, a sua Ascensão é a afirmação de que temos, tal como o fizeram os seus discípulos de então, de ser capazes de caminhar no mundo como discípulos que assumem as suas responsabilidades, isto é, que sabem dar respostas sobre a sua esperança, dar respostas vivas e vividas sobre a sua opção cristã, que sabem dizer e viver adultamente a sua fé no amor.
Mais. Jesus deixa-nos no mundo, como deixou aos doze, para vencermos o medo de ser livres. Ser livres em Cristo quer dizer ser cristãos em busca de uma maturidade que sabe porque crê e porque ama, não com o argumento da tradição familiar ou do sempre foi assim, mas porque descobre Cristo, não pelo que lhe disseram, não pelo que lhe impingem, mas pela experiência pessoal, intima e amorosa com Ele.
Nós a Igreja não somos um bando de obedientes, rebanho de subordinados nem uma pasta informe e homogénea. Não. Somos homens e mulheres adultos que, responsabilizados pelo Mestre, que nos disse Ide, enterramos os pés na terra e na vida e aí procuramos ser irrupção do Deus Amor na história. A lei do amor responsabiliza, "obriga-nos" a estar no mundo activamente, fazendo, é verdade, muitas vezes a experiência da solidão e do sem sentido. Só assim o Espírito se tornará realidade em nós. Não é por acaso, que Lucas põe o Pentecostes depois da Ascensão porque o Espírito é dom para quem é adulto, para quem é capaz do amor cristão, para quem é capaz de dar respostas vivas e vividas (não ditadas pelo catequista ou para Bispo ouvir) sobre a sua fé, para quem experiencia a pessoa de Jesus Cristo, para quem não fica estarrecido de medo diante das agruras e dificuldades da vida, diante dos sofrimento e exigências que o tempo de hoje continuamente nos atira à cara, diante da brutalidade da mensagem cristã que na verdade não é uma história de crianças.

2 comentários:

Salete disse...

Foi das descobertas mais fantásticas que fiz!
Perceber que não necessitava de sinais visiveis para afirmar a SUA existência, nem para O SENTIR como realidade concreta que anima a vida!
Mais uma vez conseguiu levar-me a recordar o dia em que fiz esta descoberta (que mudou a minha vida).
Sabe como contribuiu para a renovar e até revolucionar, tornando-a uma autentica aventura... OBRIGADA

Wollfran Nascimento disse...

Para ter certeza que cristo está conoso,não é preciso de sinais visivéis; Mas sim abrirmos o coração e deixar que esse cristo faça morada, e transforme nosas vidas.
Abraços e Deus abençoe!!!