sábado, 25 de abril de 2009

A semana que está a chegar ao fim, foi intensa e produtiva. O trabalho na faculdade correu muito bem (tenho as leituras obrigatórias e os apontamentosdas aulas em sintonia com ritmo das aulas), coloquei a conversa em dia com alguns amigos e recebi notícias de outros que há muito não escutava e, nos dois últimos dias, tive oportunidade de fazer experiência de dois momentos que vale a pena partilhar.

Na quinta-feira, por indicação do blog do meu amigo José Rui Teixeira, descobri, na Rua Formosa, no Porto, entre a Rua de Santa Catarina e a Rua da Alegria, uma loja de arte, a Opção. É verdade, uma loja de arte onde podemos contactar com obras de pintura, desenho, serigrafia, fotografia e, principalmente, com cerâmica artística de grande qualidade. Neste último âmbito, não posso deixar de destacar obras de Karin Somers (de quem sou um apaixonado depois de ver, in loco, duas esculturas suas, na casa do José Rui), Sofia Beça e João Carqueijeiro, entre outros. É uma loja deliciosa onde pode acontecer sermos conduzidos, aconselhados e atendidos pelos próprios artistas. Eu tive a sorte de ter como guia de desejos e gostos a artista Sofia Beça. A sua simpatia disponível e a sua sabedoria bem fundada foram uma preciosa ajuda. Vale a pena passar pelo número 170 daquela estreita rua da baixa portuense e, quem sabe, adquirir uma obra de arte, que aqui se encontram a preços irrecusáveis.

Ontem assisti, na minha faculdade, a uma mesa-redonda, inserida no colóquio internacional e interdisciplinar "Artes da Perversão". Nela participaram o meu amigo José Rui Teixeira (muito bem, na apresentação do suicídio como desafio aos conceitos habituais de perversão a partir da vida e obra de Guilherme de Faria), Laura Ferreira dos Santos (demasiado simplista e parcial na sua visão sobre a morte assistida e a sua perversidade ou não) e José Tolentino de Mendonça (magnífico na abordagem dos Irmãos Karamazov, de Dostoiévski, nas citações bíblicas presentes nesse livro e na sua proposta de desfatalização da perversão a partir do amor/agapê intuído pelo cristianismo). Além de sair a pensar nas diferentes intervenções, reflecti que a universidade é este espaço de pensamento sem condições nem limites, sem se vergar a utilitarismos económicos nem a asfixias estatais. É um espaço de liberdade. Assim a deixem ser...

Hoje celebra-se o 35º aniversário da Revolução do 25 de Abril. A liberdade é o grande valor democrático e civilizacional que Portugal ainda não aprendeu completamente. Somos centralistas e esperamos tudo do estado: que nos sustente, que nos dê tudo, que nos diga o que devemos fazer, que nos eduque, que nos trate da saúde, que dite formas de agir morais, que seja o nosso "pai". Nisso ainda estamos a aprender a liberdade. Mas poder dizer isto é magnífico. Vivermos num regime que, em duas semanas, faz progredir na carreira militar duas figuras tão opostas politica e humanamente como Jaime Neves e Otelo Saraiva de Carvalho é um regime que sabe o que é a democracia e que aprende a crescer em liberdade.
Hoje, mais que um dia histórico, celebro a liberdade de tudo questionar, de tudo debater e de recusar que pensem por mim e que pensem que sabem o que é melhor para mim do que eu próprio. E muito menos que esse ser pensante seja o estado. Viva a liberdade.

2 comentários:

Salete disse...

A liberdade de expressão é uma conquista de Abril, mas um direito cujo alcance está ainda longe de ser compreendido por todos.
No entanto, nunca senti como nos dias de hoje, que embora exista liberdade de expressão, vivemos no tempo de surdez, em que a nossa voz esbarra em forças duras de ouvido, que se recusam a ouvir a voz dos intervenientes directos, o que é mais sensato, e se recusam a ver o que é óbvio!
Vivemos sob uma liberdade de expressão, que quase parece ineficaz, que apenas serve para um alívio (desabafo) individual.

Sofia Beça disse...

"Esbarrei" no seu blog por um acaso e vejo esta postagem....fui isso tudo?? Fico muito satisfeita por ter gostado da loja e principalmente das ceramicas.
Um abraço
Sofia Beça