Podíamos resumir (muito resumidamente) a Sua vida em cinco eixos:
- O Reino de Deus, centro das suas palavras e dos seus gestos, que mais não é que a utopia de uma comunidade humana baseada na justiça (das bem-aventuranças), na paz, na verdade, na liberdade e nos amor.
- A Sua relação com Deus, a quem chamava de "Abba" porque se sentia seu filho, baseada na confiança, no amor e na obediência.
- A Sua relação com os homens com quem cultivava uma proximidade absoluta, sem acepção de pessoas, apesar da Sua dedicação especial aos marginalizados do seu tempo (mulheres, pecadores, pobres e crianças).
- A Sua postura diante da lei que aprova quando está ao serviço do homem. Mas que reprova violentamente quando coloca o homem numa posição de escravo.
- Finalmente, a Sua atitude diante do templo, que respeita como espaço de encontro com Deus, que relativiza porque não é o único espaço de encontro com o Pai e que recusa quando se converte em antro de ladrões e de insensíveis ao sofrimento do homem.
Quantos de nós já pensamos assim? Na verdade, estamos quase sempre em Sábado Santo: houve uma sexta-feira santa (e são tantas as que permanecem) e parece que tarda o definitivo domingo pascal da humanidade.
Tudo isto trazemos à memória porque o passado não nos é indiferente. Somos seus filhos e com ele podemos acreditar no futuro. Mais, podemos transformar o futuro.
E porque sou filho do meu passado e com ele lanço-me no futuro e acredito que irá ser melhor, partilho convosco mais duas fotografias do ensaio de há cinco anos para a vigília pascal da paróquia de Válega. Naquele altar feito túmulo vazio se nos abriram os olhos e fizemos a experiência do ressuscitado. E eramos muitos. E estávamos alegres. E celebramos a vida.
Não, não é saudosismo. É um desafio para viver a mesma alegria interior na exterioridade tão pobre e tão fria de tantas celebrações. E garanto-vos que esta memória (com muitas outras e de outras paragens) me aquece o coração e não me permite desanimar nem desistir.
1 comentário:
É uma memória que não aquece apenas o seu coração...
Na corrida diária do tempo, poucos são os momentos que se tornam permanentes, que ressurgem com a mesma força inicial quando lembrados...
Recordo esta Vigila Pascal como se tivesse ocorrido ontem.
Mais do que a inovadora dinâmica preparada para aquele dia, recordo a profundidade da Ressurreição que senti acontecer naquele dia!
Acredito na força dos simbolos e na reflexão que suscitam, a pura teoria é passageira, não deixa marcas.
Fico feliz por fazermos parte das lembranças que aquecem o seu coração!
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