A Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro é um dos acontecimentos cimeiros, apesar do silêncio da comunicação social nacional, no panorama cultural português. Talvez por não ser em Lisboa ou até no Porto é que este evento não tem a repercussão que a qualidade dos seus artistas e a audácia dos seus organizadores (câmara municipal) bem merecia. E já se organiza há vinte anos!
Foi inaugurada, no passado sábado, a exposição da Bienal, que estreia a parte nova do Museu de Aveiro, uma obra de Alcino Soutinho, que inclui um espaço expositivo, uma cafetaria e um auditório. É naquele espaço polivalente que foi instalado com engenho um percurso expositivo onde podemos admirar grande parte das peças presentes a concurso. Ainda no sábado, no referido auditório, foram entregues os três primeiros prémios, bem como as diferentes menções honrosas, mas estranhei que, na acta, o júri não tenha justificado as suas escolhas. Deveria-o ter feito para justificar um conjunto de prémios que, para um leigo na matéria como eu, se mostraram incompreensíveis nas opções e contraditórios nos critérios.
Mas isso é o menos. Por um conjunto de circunstâncias só há muito pouco tempo encontrei o mundo da cerâmica artística que é um espaço de fértil terreno criativo, de ancestrais e modernas técnicas produtivas, e de linguagens proporcionadoras de silêncios carregados de sentidos. Vale a pena, percorrer esta exposição e deixarmo-nos tocar e interpelar ou simplesmente encantar pelas formas intrigantes e naturais das instalações de Sofia Beça, que nos apresenta o seu Colmeias
pela audácia artificial da Erosão de Xana Monteiro
pela leveza inesperada de Celda de los Recuerdos, da castelhana Maria Oriza (menção honrosa)
pela composição com sentido de O Negro Profunda, da eslovena Vilma Kobilsek
e pela carga poética e singular da obra que mais gostei (sim, eu sei que sou suspeito) A Redoma Insustentável de Karin Somers.
Finalmente, uma fotografia da peça vencedora, para que fique aqui registada. Chama-se Teaset #2 e é da artista norte-americana Karen Gunderman.
A exposição decorrerá até ao dia 15 de Novembro. Mais uma boa razão para visitar uma das mais bonitas cidades portuguesas. Na verdade, gosto muito de Aveiro.
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
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1 comentário:
Passeava pela net e encontro esta postagem....muito obrigada pela referencia. É de facto lamentável, que o único concurso de ceramica em Portugal não seja reconhecido. Tipico do país pequenino que somos.
Um abraço
Sofia Beça
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