Se a festa da Ascensão é a festa da responsabilidade do cristão, do lançar à vida e ao mundo o cristão para que ele aprenda a viver e a amar na aparente ausência do seu Mestre, no confronto tantas vezes brutal com o aparente silêncio de Deus, a festa do Pentecostes é a festa da humildade do cristão.
Em Pentecostes percebemos que tudo é dom d`Ele, tudo é obra do Espírito de Jesus Ressuscitado em nós, nada conseguiríamos se não nos fosses inspirado pelo Espírito. Esta é a festa da humildade porque o cristão sabe-se totalmente dependente do Espírito: pode ser forte, mas é o Espírito que lhe dá a fortaleza; pode ser sábio, mas é o Espírito que lhe dá a sabedoria; pode ser religioso, mas é o Espírito que lhe dá a fé; pode ser eloquente, mas é o Espírito que lhe ensina a rezar; pode ser entusiasmante, mas é o Espírito que lhe dá carácter profético; pode ser capaz do amor, mas é o Espírito que o leva a amar; pode sentir-se fascinado por Cristo, mas é o Espírito que o faz cristão.
Neste dia, o cristão agradece o dom do Espírito que, como um sopro, Jesus espalha sobre todos os homens. Sim, todos os homens: cristãos ou não; crismados ou não; praticantes ou não; colaboradores paroquiais ou não; próximos ou distantes. Sobre todos porque quando uma mãe abraça o filho é obra do Espírito; quando um filho trata carinhosamente dos pais doentes é obra do Espírito; quando os amigos se juntam à volta da mesa e trocam ajudas, conselhos ou simplesmente risadas é obra do Espírito; quando alguém no silêncio do seu quarto ou do seu coração ergue a sua voz a um deus qualquer é obra do Espírito; quando uma par de enamorados estremece de emoção e se deixa levar pelo seu amor diante de um nascer do sol é obra do Espírito; quando milhares de voluntários se juntam ao Banco Alimentar Contra a Fome, neste fim-de-semana, é obra do Espírito; quando uma criança chega perto de outra e lhe diz: queres ser meu amigo? é obra do Espírito. Não, o Espírito não é propriedade dos cristãos, domínio dos católicos, exclusivo do Crisma. O Espírito de Jesus Ressuscitado é património da humanidade e criação de humanidade. É garantia que ser humano é possibilidade e realidade. Assim, todos O saibam acolher porque ele jorra não de numa fonte institucional, mas da boca ("E inclinando a cabeça entregou o Espírito" Jo 19, 30) e do sopro vital de Jesus de Nazaré ("Soprou sobre eles" Jo 20, 22). E Este não faz acepção de pessoas...
domingo, 31 de maio de 2009
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Uma Manhã
Ontem enquanto ia para as aulas, pela A29 e pelas 7,40, começou a tocar na rádio uma música antiga de António Pinho Vargas: Tom Waits. Esta música saiu num álbum em vinil de que já esqueci o nome e que deve estar algures perdido na casa da minha mãe.
Embalado por ela e motivado pelo regresso do sol procurava, por entre a tragédia urbanista das nossas cidades, o mar que naquela auto-estrada, por vezes, se vislumbra. E como ele me parecia brilhante! Ao passar a ponte da Arrábida fiz questão, recusando entrar na cegueira agitada de mais um dia, de olhar para oeste, para a foz, estava uma luz incrível e cá do alto tudo parecia pacificador. Recordei, então, um texto de Sophia, que há pouco reli, Caminho da Manhã do Livro Sexto, e que aqui deixo dois trechos:
Segue entre as casas e o mar até ao mercado que fica depois de uma alta parede amarela. Aí deves parar e olhar um instante para o largo pois ali o visível se vê até ao fim (...) Caminha rente às casas. Num dos teus ombros pousará a mão da sombra, no outro a mão do Sol. Caminha até encontrares uma igreja alta e quadrada.
Lá dentro ficarás ajoelhada na penumbra olhando o branco das paredes e o brilho azul dos azulejos. Aí escutarás o silêncio. Aí se levantará como um canto o teu amor pelas coisas visíveis que é a tua oração em frente do grande Deus invisível.
O que a música, a poesia e o olhar nos fazem! Como é belo o tempo quando o agarramos!
Embalado por ela e motivado pelo regresso do sol procurava, por entre a tragédia urbanista das nossas cidades, o mar que naquela auto-estrada, por vezes, se vislumbra. E como ele me parecia brilhante! Ao passar a ponte da Arrábida fiz questão, recusando entrar na cegueira agitada de mais um dia, de olhar para oeste, para a foz, estava uma luz incrível e cá do alto tudo parecia pacificador. Recordei, então, um texto de Sophia, que há pouco reli, Caminho da Manhã do Livro Sexto, e que aqui deixo dois trechos:
Segue entre as casas e o mar até ao mercado que fica depois de uma alta parede amarela. Aí deves parar e olhar um instante para o largo pois ali o visível se vê até ao fim (...) Caminha rente às casas. Num dos teus ombros pousará a mão da sombra, no outro a mão do Sol. Caminha até encontrares uma igreja alta e quadrada.
Lá dentro ficarás ajoelhada na penumbra olhando o branco das paredes e o brilho azul dos azulejos. Aí escutarás o silêncio. Aí se levantará como um canto o teu amor pelas coisas visíveis que é a tua oração em frente do grande Deus invisível.
O que a música, a poesia e o olhar nos fazem! Como é belo o tempo quando o agarramos!
terça-feira, 26 de maio de 2009
Duas Cidades
Sexta-feira visitei duas cidades com quem ao longo da minha vida criei laços inquebráveis.
Estive em Coimbra algumas horas e recordei a primeira vez que Coimbra deixou de se me referenciar pelo Portugal dos Pequeninos, que era, na então escola primária, visita obrigatória. Foi no início dos anos noventa que fiz um acampamento nacional de escuteiros em Mira e conheci um agrupamento de Coimbra (os outros do meu grupo eram de Ovar, Nogueira do Cravo e, penso que de Braga). Lembro-me de muitas das suas faces e fiz, então, duas grandes amigas: a Sandra e a Sofia Bajouca. Ainda nos encontramos algumas vezes e com elas descobri Coimbra. Na sexta voltei a entrar na Igreja de Santa Cruz e no seu claustro manuelino, voltei a admirar os túmulos dos dois primeiros Reis de Portugal e a deliciar me com o púlpito renascentista de Chanterenne. Passei o Arco de Almedina, subi a rua do Quebra-Costas e revisitei a austera e delicada Sé Velha de Coimbra e o mais antigo claustro gótico português. Desci a Rua José António de Aguiar e apreciei a decadência quase arruinada da medieval Casa-Nau. Quando estive em Válega voltei a visitar algumas vezes Coimbra porque tinha paroquianos a estudar na sua universidade. Assim, em Coimbra recordei tantos amigos, muitos de quem perdi o contacto. Mas em Coimbra são muitos que recordam a saudade e que lá voltam de olhar desperto porque em cada recanto pode haver um reencontro. Por isso, nunca deixo de regressar a Coimbra.
Ainda na sexta, fui dormir a Viseu.
Viseu é uma recordação de infância. Descobri-a de mão dada com a minha tia Té e o meu tio Luís. Foi la que, pela primeira vez, entendi que a Rua Direita é quase sempre das mais tortas. Foi lá que descobri, na Igreja dos Terceiros, que havia santos de pele negra. Foi lá que visualizei a Igreja fundada sobre a rocha ao observar as impressivas penedias sobre as quais assenta a capela-mor da Catedral. Vária vezes voltei a Viseu, mas sinto-a sempre como uma cidade da minha infância. Por isso, quando subia a escadaria dos Terceiros para voltar a entrar na sua Igreja desenhava-se na minha memória a figura severa, mas grata do Cónego Martins, padrinho do meu tio Luís, então capelão desta igreja.
Em Viseu fiquei alojado na sua nova Pousada de Portugal, que ocupa o antigo hospital.
Foi mais uma recordação de infância porque há muitos anos tinha ido lá visitar a Maria José, irmã do Tio Luís. Está uma recuperação preciosa e a exigir, pelo menos, uma visita. Finalmente, uma recomendação gastronómica: O Cortiço, na Rua Augusto Hilário. Bela cozinha beirã, profundamente portuguesa em abundância e sabores. Com vinhos a preços justos.
Em Viseu revivi a infância, mas saboreei o presente como um adulto.
Estive em Coimbra algumas horas e recordei a primeira vez que Coimbra deixou de se me referenciar pelo Portugal dos Pequeninos, que era, na então escola primária, visita obrigatória. Foi no início dos anos noventa que fiz um acampamento nacional de escuteiros em Mira e conheci um agrupamento de Coimbra (os outros do meu grupo eram de Ovar, Nogueira do Cravo e, penso que de Braga). Lembro-me de muitas das suas faces e fiz, então, duas grandes amigas: a Sandra e a Sofia Bajouca. Ainda nos encontramos algumas vezes e com elas descobri Coimbra. Na sexta voltei a entrar na Igreja de Santa Cruz e no seu claustro manuelino, voltei a admirar os túmulos dos dois primeiros Reis de Portugal e a deliciar me com o púlpito renascentista de Chanterenne. Passei o Arco de Almedina, subi a rua do Quebra-Costas e revisitei a austera e delicada Sé Velha de Coimbra e o mais antigo claustro gótico português. Desci a Rua José António de Aguiar e apreciei a decadência quase arruinada da medieval Casa-Nau. Quando estive em Válega voltei a visitar algumas vezes Coimbra porque tinha paroquianos a estudar na sua universidade. Assim, em Coimbra recordei tantos amigos, muitos de quem perdi o contacto. Mas em Coimbra são muitos que recordam a saudade e que lá voltam de olhar desperto porque em cada recanto pode haver um reencontro. Por isso, nunca deixo de regressar a Coimbra.
Ainda na sexta, fui dormir a Viseu.
Viseu é uma recordação de infância. Descobri-a de mão dada com a minha tia Té e o meu tio Luís. Foi la que, pela primeira vez, entendi que a Rua Direita é quase sempre das mais tortas. Foi lá que descobri, na Igreja dos Terceiros, que havia santos de pele negra. Foi lá que visualizei a Igreja fundada sobre a rocha ao observar as impressivas penedias sobre as quais assenta a capela-mor da Catedral. Vária vezes voltei a Viseu, mas sinto-a sempre como uma cidade da minha infância. Por isso, quando subia a escadaria dos Terceiros para voltar a entrar na sua Igreja desenhava-se na minha memória a figura severa, mas grata do Cónego Martins, padrinho do meu tio Luís, então capelão desta igreja.
Em Viseu fiquei alojado na sua nova Pousada de Portugal, que ocupa o antigo hospital.
Foi mais uma recordação de infância porque há muitos anos tinha ido lá visitar a Maria José, irmã do Tio Luís. Está uma recuperação preciosa e a exigir, pelo menos, uma visita. Finalmente, uma recomendação gastronómica: O Cortiço, na Rua Augusto Hilário. Bela cozinha beirã, profundamente portuguesa em abundância e sabores. Com vinhos a preços justos.
Em Viseu revivi a infância, mas saboreei o presente como um adulto.
domingo, 24 de maio de 2009
Ascensão de Jesus
Se na semana passada, sublinhava a "lei" do amor como princípio vital de toda a mensagem cristã, hoje, em dia de Ascensão, podemos dizer que o amor Cristão, como todo o verdadeiro amor, não infantiliza, não quer os filhos sempre à sua volta, não é uma segurança cómoda e individualista, não espera pela decisão do outro. Pelo contrário, ensina a sair, a descer o monte, a saltar do ninho, a aprender a viver sem o Mestre visivelmente ao lado, tal como o verdadeiro pai quer que o filho se autonomize.
O que esta festa nos diz, e em consonância com o Deus é amor, é que Jesus não quer cristãos infantis, incapazes de pensar pela sua própria cabeça, dependentes dos ditames dos seus superiores, sem procurar o porquê, sem colocar nada em causa. Jesus não quer comunidades cristãs mentalmente dependentes nem manipuláveis nem manipuladas. Por isso, a sua Ascensão é a afirmação de que temos, tal como o fizeram os seus discípulos de então, de ser capazes de caminhar no mundo como discípulos que assumem as suas responsabilidades, isto é, que sabem dar respostas sobre a sua esperança, dar respostas vivas e vividas sobre a sua opção cristã, que sabem dizer e viver adultamente a sua fé no amor.
Mais. Jesus deixa-nos no mundo, como deixou aos doze, para vencermos o medo de ser livres. Ser livres em Cristo quer dizer ser cristãos em busca de uma maturidade que sabe porque crê e porque ama, não com o argumento da tradição familiar ou do sempre foi assim, mas porque descobre Cristo, não pelo que lhe disseram, não pelo que lhe impingem, mas pela experiência pessoal, intima e amorosa com Ele.
Nós a Igreja não somos um bando de obedientes, rebanho de subordinados nem uma pasta informe e homogénea. Não. Somos homens e mulheres adultos que, responsabilizados pelo Mestre, que nos disse Ide, enterramos os pés na terra e na vida e aí procuramos ser irrupção do Deus Amor na história. A lei do amor responsabiliza, "obriga-nos" a estar no mundo activamente, fazendo, é verdade, muitas vezes a experiência da solidão e do sem sentido. Só assim o Espírito se tornará realidade em nós. Não é por acaso, que Lucas põe o Pentecostes depois da Ascensão porque o Espírito é dom para quem é adulto, para quem é capaz do amor cristão, para quem é capaz de dar respostas vivas e vividas (não ditadas pelo catequista ou para Bispo ouvir) sobre a sua fé, para quem experiencia a pessoa de Jesus Cristo, para quem não fica estarrecido de medo diante das agruras e dificuldades da vida, diante dos sofrimento e exigências que o tempo de hoje continuamente nos atira à cara, diante da brutalidade da mensagem cristã que na verdade não é uma história de crianças.
O que esta festa nos diz, e em consonância com o Deus é amor, é que Jesus não quer cristãos infantis, incapazes de pensar pela sua própria cabeça, dependentes dos ditames dos seus superiores, sem procurar o porquê, sem colocar nada em causa. Jesus não quer comunidades cristãs mentalmente dependentes nem manipuláveis nem manipuladas. Por isso, a sua Ascensão é a afirmação de que temos, tal como o fizeram os seus discípulos de então, de ser capazes de caminhar no mundo como discípulos que assumem as suas responsabilidades, isto é, que sabem dar respostas sobre a sua esperança, dar respostas vivas e vividas sobre a sua opção cristã, que sabem dizer e viver adultamente a sua fé no amor.
Mais. Jesus deixa-nos no mundo, como deixou aos doze, para vencermos o medo de ser livres. Ser livres em Cristo quer dizer ser cristãos em busca de uma maturidade que sabe porque crê e porque ama, não com o argumento da tradição familiar ou do sempre foi assim, mas porque descobre Cristo, não pelo que lhe disseram, não pelo que lhe impingem, mas pela experiência pessoal, intima e amorosa com Ele.
Nós a Igreja não somos um bando de obedientes, rebanho de subordinados nem uma pasta informe e homogénea. Não. Somos homens e mulheres adultos que, responsabilizados pelo Mestre, que nos disse Ide, enterramos os pés na terra e na vida e aí procuramos ser irrupção do Deus Amor na história. A lei do amor responsabiliza, "obriga-nos" a estar no mundo activamente, fazendo, é verdade, muitas vezes a experiência da solidão e do sem sentido. Só assim o Espírito se tornará realidade em nós. Não é por acaso, que Lucas põe o Pentecostes depois da Ascensão porque o Espírito é dom para quem é adulto, para quem é capaz do amor cristão, para quem é capaz de dar respostas vivas e vividas (não ditadas pelo catequista ou para Bispo ouvir) sobre a sua fé, para quem experiencia a pessoa de Jesus Cristo, para quem não fica estarrecido de medo diante das agruras e dificuldades da vida, diante dos sofrimento e exigências que o tempo de hoje continuamente nos atira à cara, diante da brutalidade da mensagem cristã que na verdade não é uma história de crianças.
segunda-feira, 18 de maio de 2009
VI Domingo da Páscoa
Escuto várias vezes nas aulas da faculdade que o critério moral cristão é: amar o próximo como a si mesmo. Ora quem diz isso incorre em duas incorrecções. Por um lado, este mandamento é, na sua origem religiosa, judeu e aparece em Lev 19, 18. Por outro lado, quem afirma tal deve ter ficado pelos três evangelhos sinópticos, na sua leitura do Novo Testamento.
Na liturgia da Palavra de Domingo passado está o cerne, a alma de toda a estrutura revelativa cristã. Mais, está a grande e original intuição cristã que abate todos os conceitos divinos anteriores e posteriores à sua formulação: "Deus é amor". E, consequentemente, quem não ama não está em Deus e Deus não esta nele.
Vede, Deus não é o amor como se esta fosse uma sua característica a juntar à omnipotência, à eternidade, à omnisciência, etc, etc. Não se diz Deus ama, como se o amor fosse uma descrição de uma acção divina, como seria Deus castiga, Deus vê, etc. Não, ao dizer Deus é amor está-se a dizer o seu nome próprio, a sua essência, o seu próprio ser. Mais, está-se a dizer que não é possível conhece-lo, defini-lo, vislumbrar o seu mistério, encetar uma relação com Ele sem amar. E amar quem? O outro, seja ele quem for. E como? Aqui surge a radical novidade cristã: como "Eu vos amei". Não como tu te amas, não como o mundo ama, não como muitos manipulam ou sequestram essa palavra. Mas como "Eu vos amei". Assim permanecemos nEle e Ele em nós. Permanecer em Jesus, tal como a vide permanece na videira, é a condição essencial para o amor cristão. É a possibilidade de amarmos como Ele nos amou e ama.
E este é o seu mandamento: amar. Por isso, é que o cristão não tem lei porque amar não pode ser uma lei senão deixava de ser amor para ser legalidade. Ninguém ama porque assim está escrito. Ninguém ama porque assim tem que ser. Ninguém ama porque assim algo exige. Ama-se porque é um impulso interior que se me impõe e que brota não sei bem de onde. Mas o cristão sabe: do Espírito de Jesus Ressuscitado. Assim quando rezamos, celebramos a Eucaristia, fazemos voluntariado, festa e peregrinação; quando abraçamos, choramos, caímos e nos erguemos fazemo-lo porque amamos o Mestre (O Amigo) e o outro que nunca mais nos pode ser indiferente. Enfim, agir assim não é apenas um imperativo racional porque o amor não é racionalidade. Também não é uma atitude pragmática porque no amor não há pragmatismo. É uma atitude radicalmente cristã. E os que não crêem em Jesus não podem amar assim? Claro que podem, graças ao Seu Espírito que sopra onde o deixam insuflar vida, mesmo que o não conheçam: "Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor".
Na liturgia da Palavra de Domingo passado está o cerne, a alma de toda a estrutura revelativa cristã. Mais, está a grande e original intuição cristã que abate todos os conceitos divinos anteriores e posteriores à sua formulação: "Deus é amor". E, consequentemente, quem não ama não está em Deus e Deus não esta nele.
Vede, Deus não é o amor como se esta fosse uma sua característica a juntar à omnipotência, à eternidade, à omnisciência, etc, etc. Não se diz Deus ama, como se o amor fosse uma descrição de uma acção divina, como seria Deus castiga, Deus vê, etc. Não, ao dizer Deus é amor está-se a dizer o seu nome próprio, a sua essência, o seu próprio ser. Mais, está-se a dizer que não é possível conhece-lo, defini-lo, vislumbrar o seu mistério, encetar uma relação com Ele sem amar. E amar quem? O outro, seja ele quem for. E como? Aqui surge a radical novidade cristã: como "Eu vos amei". Não como tu te amas, não como o mundo ama, não como muitos manipulam ou sequestram essa palavra. Mas como "Eu vos amei". Assim permanecemos nEle e Ele em nós. Permanecer em Jesus, tal como a vide permanece na videira, é a condição essencial para o amor cristão. É a possibilidade de amarmos como Ele nos amou e ama.
E este é o seu mandamento: amar. Por isso, é que o cristão não tem lei porque amar não pode ser uma lei senão deixava de ser amor para ser legalidade. Ninguém ama porque assim está escrito. Ninguém ama porque assim tem que ser. Ninguém ama porque assim algo exige. Ama-se porque é um impulso interior que se me impõe e que brota não sei bem de onde. Mas o cristão sabe: do Espírito de Jesus Ressuscitado. Assim quando rezamos, celebramos a Eucaristia, fazemos voluntariado, festa e peregrinação; quando abraçamos, choramos, caímos e nos erguemos fazemo-lo porque amamos o Mestre (O Amigo) e o outro que nunca mais nos pode ser indiferente. Enfim, agir assim não é apenas um imperativo racional porque o amor não é racionalidade. Também não é uma atitude pragmática porque no amor não há pragmatismo. É uma atitude radicalmente cristã. E os que não crêem em Jesus não podem amar assim? Claro que podem, graças ao Seu Espírito que sopra onde o deixam insuflar vida, mesmo que o não conheçam: "Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor".
domingo, 17 de maio de 2009
Casamento
Ontem foi um dia marcante na história da nossa família: a minha irmã Inês culminou um namoro de muitos anos com o irmão do meu cunhado Ricardo, ao casar-se com o já praticamente membro da família Sérgio. Foi um casamento como devem ser todos: institucionalmente marcante, emocionalmente forte, familiarmente decisivo e proporcionador de amanhas jamais iguais aos ontens.
À volta da mesa do altar sublinhou-se o essencial, assumiu-se a nossa radical fragilidade para viver o amor e fez-se do alimento da Palavra e da Eucaristia a companhia decisiva para esta nova família cristã. À volta de mesa do convívio, do alimento material e da alegria festiva partilhou-se o agradecimento por tantos nos serem indispensáveis para sermos. Assim, na margem esquerda do rio Douro, com uma vista deslumbrante para a sua acentuada e bela curva do Freixo, ali com o seu palácio de Nazoni como guardião, celebramos o conforto por fazermos parte da alegria e do projecto daquela nova família.
Depois de todas as emoções aqui fica para a Inês e para o Sérgio a nossa oferta: novos irmãos, renovada disponibilidade e o amor de sempre.
Para a minha mãe, que viu partir de sua casa o seu último filho, aqui fica uma certeza: Nunca te sentirás só porque todas as famílias precisam de um líder, e tu és o nosso.
Termino recordando um dos momentos mais emocionantes da celebração cristã, quando nos unimos todos à oferta e à oração deste novo casal cristão aos pés de Maria, na tradicional entrega do ramo, ao som do "The Grand Finale" de Danny Elfman, da banda sonora de "Eduardo Mãos de Tesoura". Aqui fica a música para quem quiser recordar esse surpreendente momento. É só clicar no nome da música.
À volta da mesa do altar sublinhou-se o essencial, assumiu-se a nossa radical fragilidade para viver o amor e fez-se do alimento da Palavra e da Eucaristia a companhia decisiva para esta nova família cristã. À volta de mesa do convívio, do alimento material e da alegria festiva partilhou-se o agradecimento por tantos nos serem indispensáveis para sermos. Assim, na margem esquerda do rio Douro, com uma vista deslumbrante para a sua acentuada e bela curva do Freixo, ali com o seu palácio de Nazoni como guardião, celebramos o conforto por fazermos parte da alegria e do projecto daquela nova família.
Depois de todas as emoções aqui fica para a Inês e para o Sérgio a nossa oferta: novos irmãos, renovada disponibilidade e o amor de sempre.
Para a minha mãe, que viu partir de sua casa o seu último filho, aqui fica uma certeza: Nunca te sentirás só porque todas as famílias precisam de um líder, e tu és o nosso.
Termino recordando um dos momentos mais emocionantes da celebração cristã, quando nos unimos todos à oferta e à oração deste novo casal cristão aos pés de Maria, na tradicional entrega do ramo, ao som do "The Grand Finale" de Danny Elfman, da banda sonora de "Eduardo Mãos de Tesoura". Aqui fica a música para quem quiser recordar esse surpreendente momento. É só clicar no nome da música.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Encerrando...
Hoje, dou por encerrada a minha reflexão pessoal sobre a vida e o como nela se joga esse conceito tão estéril como dúbio que é a felicidade. O mais interessante destes meus dois últimos posts foi ter provocado uma génese de reacções: de um lado aqueles que se deixaram interpelar individualmente e optaram por uma catarse pessoal seja exterior ou interior; e de outro lado aqueles que viram em mim uma não habitual desesperança e melancolia de desistência.
Em nenhum momento me fiquei pelo sem sentido, pelo contrário escrevi que partilhava angústias e resoluções ("Vou ser forte e vou-me erguer/ter coragem de querer/não ceder nem desistir"), que assumia a vida como um acto de amor em que se assumem fragilidades e limitações com uma esperança convicta no carácter redentor do amor("Busquei nas palavras o conforto/dancei no silêncio morto/e o escuro revelou/que em mim a luz se esconde").
Há pouco li a entrevista que saiu no sábado passado do psicanalista Carlos Amaral Dias deu ao Expresso. E, apesar de não partilhar muitas das suas conclusões, partilho aquela que penso encerrar bem a reflexão desta semana: "Não acredito no conceito de felicidade. É uma nivelação por baixo aquilo que se pode esperar da vida - e o que se pode tirar da vida é a capacidade de tirar prazer da existência humana, sabendo coabitar ao mesmo tempo com o sofrimento que é inerente à espécie. Felizes podem ser, talvez, os besouros. A complexidade da inteligência impede-nos." Aliás, são a dor e a angústia que nos motivam a ir mais longe; são os limites e as fragilidades que nos empurram em busca de um futuro melhor; é a nossa finitude radical que nos faz olhar o finito e o limite como horizonte e limiar. Ao contrário de Amaral Dias, só aceitaria a felicidade como uma utopia comunitária que nos impele à não conformação com o estado em que estamos e com o mundo em que vivemos. Mas prefiro a utopia do amor que encerra todo o impulso referido e exige ser construída em comunidade, com "o outro" presente a meu lado, com o que "o outro" do passado nos legou e com "o outro" vindouro para o qual queremos deixar algo muito melhor do que encontramos.
E porque o meu brother espera uma música que se adeqúe à minha maneira de ser, aí está uma muita antiga de Mercedes Sosa, Todo Cambia, porque tudo muda, menos a amor. O meu amor...
Em nenhum momento me fiquei pelo sem sentido, pelo contrário escrevi que partilhava angústias e resoluções ("Vou ser forte e vou-me erguer/ter coragem de querer/não ceder nem desistir"), que assumia a vida como um acto de amor em que se assumem fragilidades e limitações com uma esperança convicta no carácter redentor do amor("Busquei nas palavras o conforto/dancei no silêncio morto/e o escuro revelou/que em mim a luz se esconde").
Há pouco li a entrevista que saiu no sábado passado do psicanalista Carlos Amaral Dias deu ao Expresso. E, apesar de não partilhar muitas das suas conclusões, partilho aquela que penso encerrar bem a reflexão desta semana: "Não acredito no conceito de felicidade. É uma nivelação por baixo aquilo que se pode esperar da vida - e o que se pode tirar da vida é a capacidade de tirar prazer da existência humana, sabendo coabitar ao mesmo tempo com o sofrimento que é inerente à espécie. Felizes podem ser, talvez, os besouros. A complexidade da inteligência impede-nos." Aliás, são a dor e a angústia que nos motivam a ir mais longe; são os limites e as fragilidades que nos empurram em busca de um futuro melhor; é a nossa finitude radical que nos faz olhar o finito e o limite como horizonte e limiar. Ao contrário de Amaral Dias, só aceitaria a felicidade como uma utopia comunitária que nos impele à não conformação com o estado em que estamos e com o mundo em que vivemos. Mas prefiro a utopia do amor que encerra todo o impulso referido e exige ser construída em comunidade, com "o outro" presente a meu lado, com o que "o outro" do passado nos legou e com "o outro" vindouro para o qual queremos deixar algo muito melhor do que encontramos.
E porque o meu brother espera uma música que se adeqúe à minha maneira de ser, aí está uma muita antiga de Mercedes Sosa, Todo Cambia, porque tudo muda, menos a amor. O meu amor...
quarta-feira, 13 de maio de 2009
A Vida
Alguns amigos têm mostrado carinhosa preocupação com o meu último post. Isso é reconfortante e mobilizador, mas não devem estar muito aflitos, mesmo com as suas angústias, sejam de que espécie for.
Tenho aprendido com Nietzsche, nas aulas de estética, que a verdadeira arte é aquela que não mascara a vida em todas as suas dimensões, que não recusa nem foge da violência e da brutalidade dilacerante que a vida também encerra. Pelo contrário, enfrenta-a e assume-a em todas as suas diferentes faces. Assim penso que também o homem é chamado a viver e a fazer da sua vida uma autêntica obra de arte porque, para Nietzsche (e muito bem), pensamento, arte e vida não se distinguem. Este é o desafio, que, embora o filósofo alemão recusasse violentamente, nos é proposto pelo cristianismo: fazermos da nossa vida uma obra de arte, como uma bela tragédia clássica que desafia e coloca interrogações e não como uma telenovela que entretém e narcotiza os seus pobres espectadores. Uma obra de arte onde sejam bem visíveis as feridas abertas e cicatrizadas das nossas opções, por certo nem sempre acertadas, mas feitas com amor e por amor.
Hoje, no companheiro blog do amigo José Rui, descobri um outro blog (o rasto dos cometas) onde recordei um belo texto do meu companheiro, amigo e saudoso Daniel Faria que é uma bela explicação da razão do meu post anterior. Aqui fica para ler lentamente...
"Creio que o mais egoísta dos homens é aquele que recusa dar aos outros a sua fragilidade e as suas limitações. Quem recusa aos outros a sua pequenez, comete um dos mais infelizes gestos de prepotência. E porque aí se rejeita, aos outros não poderá dar senão o sofrimento da perda. Querendo-se sem falha, será o mais incompleto dos seres".
Daniel Faria
Tenho aprendido com Nietzsche, nas aulas de estética, que a verdadeira arte é aquela que não mascara a vida em todas as suas dimensões, que não recusa nem foge da violência e da brutalidade dilacerante que a vida também encerra. Pelo contrário, enfrenta-a e assume-a em todas as suas diferentes faces. Assim penso que também o homem é chamado a viver e a fazer da sua vida uma autêntica obra de arte porque, para Nietzsche (e muito bem), pensamento, arte e vida não se distinguem. Este é o desafio, que, embora o filósofo alemão recusasse violentamente, nos é proposto pelo cristianismo: fazermos da nossa vida uma obra de arte, como uma bela tragédia clássica que desafia e coloca interrogações e não como uma telenovela que entretém e narcotiza os seus pobres espectadores. Uma obra de arte onde sejam bem visíveis as feridas abertas e cicatrizadas das nossas opções, por certo nem sempre acertadas, mas feitas com amor e por amor.
Hoje, no companheiro blog do amigo José Rui, descobri um outro blog (o rasto dos cometas) onde recordei um belo texto do meu companheiro, amigo e saudoso Daniel Faria que é uma bela explicação da razão do meu post anterior. Aqui fica para ler lentamente...
"Creio que o mais egoísta dos homens é aquele que recusa dar aos outros a sua fragilidade e as suas limitações. Quem recusa aos outros a sua pequenez, comete um dos mais infelizes gestos de prepotência. E porque aí se rejeita, aos outros não poderá dar senão o sofrimento da perda. Querendo-se sem falha, será o mais incompleto dos seres".
Daniel Faria
terça-feira, 12 de maio de 2009
Semana Estranha
Manter um blog actualizado exige disciplina, alguma disponibilidade de tempo, predisposição mental e temas estimulantes sobre os quais queremos escrever. Estes não me faltam. O que me faltou nesta semana sem escrever foi alguma disciplina e, principalmente, tempo e disponibilidade interior para daqui me abeirar.
Foi uma semana paradoxal: por um lado, com a suspensão das aulas por causa da queima, esperava colocar o estudo em dia, recuperar leituras em suspenso e colocar aqui algumas reflexões há muito pensadas para este espaço. Por outro lado, a necessidade de fazer um trabalho para Antropologia Filosófica sobre a dimensão antropológica da utopia, obrigou-me a fazer leituras em tempo recorde, a não ir ao Dragão ver o jogo do tetra (sim, também tenho as minhas "maluqueiras") e a dedicar todo o meu tempo à filosofia de, por exemplo, Paul Ricoeur, de quem um dia aqui falarei.
Mas além de tudo isto, experimento uma melancolia permanente mas mais latente, feita de noites assombradas por sonhos recorrentes de saudade e de dias em que, nem o trabalho sobre pressão, alivia a sensação de solidão estéril. Nestas alturas, em que parece que nada podemos fazer para mudar o rumo das coisas, gostava de ser poeta ou escritor, pintor ou artista de qualquer arte para poder exprimir o que me vai no espírito, o que se me irrompe no corpo, o que me aperta a alma. Mas não sou. Por isso, recorro aos que o são para conseguir viver os meus dias.
Tentarei passar por aqui mais vezes e recuperar os comentários às leituras de domingo (quem já fez exegese bíblica sabe que é preciso muito tempo). Por enquanto, deixo-vos uma música que me tem acompanhado nestes dias com quem partilho angústias e resoluções e de que gosto mesmo muito. É de Boss AC e está integrada no seu último álbum "Preto no Branco".
Aqui fica a letra e a música, é so clicar: Alguém me Ouviu
Foi uma semana paradoxal: por um lado, com a suspensão das aulas por causa da queima, esperava colocar o estudo em dia, recuperar leituras em suspenso e colocar aqui algumas reflexões há muito pensadas para este espaço. Por outro lado, a necessidade de fazer um trabalho para Antropologia Filosófica sobre a dimensão antropológica da utopia, obrigou-me a fazer leituras em tempo recorde, a não ir ao Dragão ver o jogo do tetra (sim, também tenho as minhas "maluqueiras") e a dedicar todo o meu tempo à filosofia de, por exemplo, Paul Ricoeur, de quem um dia aqui falarei.
Mas além de tudo isto, experimento uma melancolia permanente mas mais latente, feita de noites assombradas por sonhos recorrentes de saudade e de dias em que, nem o trabalho sobre pressão, alivia a sensação de solidão estéril. Nestas alturas, em que parece que nada podemos fazer para mudar o rumo das coisas, gostava de ser poeta ou escritor, pintor ou artista de qualquer arte para poder exprimir o que me vai no espírito, o que se me irrompe no corpo, o que me aperta a alma. Mas não sou. Por isso, recorro aos que o são para conseguir viver os meus dias.
Tentarei passar por aqui mais vezes e recuperar os comentários às leituras de domingo (quem já fez exegese bíblica sabe que é preciso muito tempo). Por enquanto, deixo-vos uma música que me tem acompanhado nestes dias com quem partilho angústias e resoluções e de que gosto mesmo muito. É de Boss AC e está integrada no seu último álbum "Preto no Branco".
Aqui fica a letra e a música, é so clicar: Alguém me Ouviu
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Parabéns
Hoje, dia 4 de Maio, a minha irmã João celebra o seu aniversário. Para quem não nos conhece a João nasceu precisamente 23 meses depois de mim. E, como tantas vezes acontece entre os irmãos, é diametralmente oposta a mim. Para melhor, para muito melhor.
Enquanto eu era introvertido e tímido, a João era extrovertida e criava amigos com uma facilidade e uma agilidade alegre e confiante. Onde o meu olhar denunciava uma radical tristeza, o dela irradiava uma estonteante alegria de viver. Se os meus gestos revelavam uma prematura admiração pelos adultos e uma inconfessável busca pela sua aprovação, os dela expressavam a liberdade de tudo querer desafiar e de muito querer experimentar.
Os anos passaram e, numa vida erguida a pulso, sem as ajudas que nós, os outros três irmãos tivemos, superando dificuldades naturais e sociais, hoje, potenciou aquelas suas mais arreigadas qualidades e surge como uma verdadeira Mulher e Mãe, que a mim me orgulha, me apela à humildade e me obriga a uma sincero exame de consciência. Já lhe disse mais que uma vez e reafirmo aqui publicamente: João és a melhor de todos nós. Sem ti a nossa família não teria rumo, não teria futuro, não se sentiria tão segura. Feliz aniversário.
Enquanto eu era introvertido e tímido, a João era extrovertida e criava amigos com uma facilidade e uma agilidade alegre e confiante. Onde o meu olhar denunciava uma radical tristeza, o dela irradiava uma estonteante alegria de viver. Se os meus gestos revelavam uma prematura admiração pelos adultos e uma inconfessável busca pela sua aprovação, os dela expressavam a liberdade de tudo querer desafiar e de muito querer experimentar.
Os anos passaram e, numa vida erguida a pulso, sem as ajudas que nós, os outros três irmãos tivemos, superando dificuldades naturais e sociais, hoje, potenciou aquelas suas mais arreigadas qualidades e surge como uma verdadeira Mulher e Mãe, que a mim me orgulha, me apela à humildade e me obriga a uma sincero exame de consciência. Já lhe disse mais que uma vez e reafirmo aqui publicamente: João és a melhor de todos nós. Sem ti a nossa família não teria rumo, não teria futuro, não se sentiria tão segura. Feliz aniversário.
domingo, 3 de maio de 2009
Para a Minha Mãe
Propositadamente reservei o meu primeiro post do mês de Maio para este dia: o dia da mãe.
Nos últimos dias tenho escutado vezes sem conta a música de apresentação do projecto Amália Hoje, liderado por Nuno Gonçalves dos The Gifth, que tive a honra de ter sido dos primeiros a descobrir há uns bons anos atrás esquecido e incógnito nas prateleiras de Fnac. A música de apresentação daquele CD tem sido a canção Gaivota, e nela encontrei as palavras para a minha mãe hoje, que são palavras de Alexandre O´Neill. O refrão diz a certa altura:
Que perfeito coração
Morreria no meu peito
Meu amor na tua mão
Nessa mão onde perfeito
Bateu meu coração
Neste dia percebo repetidamente aquilo que intuo todos os dias: nunca o meu coração bateu realmente bem senão quando o seu ritmo batia ao ritmo do da minha mãe, no seu seio. Nunca o meu coração bateu tão perfeitamente como quando todo eu cabia, com ele, no regaço da minha mãe. Nunca o meu coração foi tão perfeito quando ele cabia na mão que me pegava e me levava cuidadosa e seguramente. Oh meu Deus nunca mais me senti assim seguro. Nunca mais me senti assim amado. E como tremo quando percebo que tanto fiz e faço sofrer aquele perfeito coração. Para a minha mãe vai um amor muito incompleto e incapaz, mas não sei amar melhor e não tenho o poder de fazer o tempo andar para trás.
Aí está a música que me ajudou a escrever tudo o que vai neste imperfeito coração:
Gaivota
Nos últimos dias tenho escutado vezes sem conta a música de apresentação do projecto Amália Hoje, liderado por Nuno Gonçalves dos The Gifth, que tive a honra de ter sido dos primeiros a descobrir há uns bons anos atrás esquecido e incógnito nas prateleiras de Fnac. A música de apresentação daquele CD tem sido a canção Gaivota, e nela encontrei as palavras para a minha mãe hoje, que são palavras de Alexandre O´Neill. O refrão diz a certa altura:
Que perfeito coração
Morreria no meu peito
Meu amor na tua mão
Nessa mão onde perfeito
Bateu meu coração
Neste dia percebo repetidamente aquilo que intuo todos os dias: nunca o meu coração bateu realmente bem senão quando o seu ritmo batia ao ritmo do da minha mãe, no seu seio. Nunca o meu coração bateu tão perfeitamente como quando todo eu cabia, com ele, no regaço da minha mãe. Nunca o meu coração foi tão perfeito quando ele cabia na mão que me pegava e me levava cuidadosa e seguramente. Oh meu Deus nunca mais me senti assim seguro. Nunca mais me senti assim amado. E como tremo quando percebo que tanto fiz e faço sofrer aquele perfeito coração. Para a minha mãe vai um amor muito incompleto e incapaz, mas não sei amar melhor e não tenho o poder de fazer o tempo andar para trás.
Aí está a música que me ajudou a escrever tudo o que vai neste imperfeito coração:
Gaivota
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