domingo, 2 de novembro de 2008
Entre flores e luzes
Nestes dois primeiros dias de Novembro a nossa sociedade é obrigada a olhar para aquela realidade que tenta ocultar e ignorar permanentemente: a morte. Mas essa é a grande realidade da vida e tentar negar isso além de ser uma alienação, é também o medo de não ter nada a dizer sobre o sentido da existência humana.
O que mais me impressionou durante muitos anos de vida pastoral foi saber que para muitos cristãos o cemitério é realmente o fim daqueles que mais amavam. Recordo aqueles pais em que a dor insuportável da morte mais inaceitável (um filho) os levou quase à loucura ou ao vazio. Recordo aqueles que vi morrer à minha frente com uma serenidade misteriosa impondo o silêncio misterioso que levanta a questão misteriosa: que instante é esse em que se deixa de pertencer ao mundo e ao tempo? Ninguém sabe o que é morrer.
Mas nós os crentes temos que afirmar algo que por muito que custe é urgente sublinhar: nos cemitérios não está lá ninguém, somente os que lá vão homenagear os seus mais queridos que perdendo tudo o que tinham, acreditamos que continuam a ser. A sua personalidade, o seu ser mais profundo, aquele ser pessoal que nós amamos em vida, está inscrito no coração amoroso de Deus. Por isso, não rezamos pelos mortos mas com os mortos.
Se não houver ressurreição dos mortos Deus não existe. Exigi-o a morte das crianças, dos jovens, dos filhos, dos inocentes, de Cristo.
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4 comentários:
...Quando um bébé nasce, não sabe o que o espera deste lado, o mesmo acontece quando morremos...
Foi esta lição que nos deu em Válega, para contrariar o "fim desta vida".
Acredito com firmeza nas suas palavras!
Os Homens recusam a morte, porque a olham como um fim total, que esbarra com a sede de viver (que por vezes é um mero existir)...
Acredito que ter consciência da nossa finitude, de que não somos imortais, torna-nos vivos, a caminho, porque reflectimos sobre cada passo, cada decisão, o valor do instante presente que pode ser a última oportunidade para construir... Salete
Acredito firmemente num Deus que é amor, de contrário que sentido tem esta vida? Porque sofrem tantos inocentes e no fim a morte? Não! não pode ser assim! Existe algo mais que não conheço mas acredito.
É com muita satisfação que leio e concordo com o que escreveste, no entanto gostaria de acrescentar que o que realmente é assustador não é falar da morte, mas nada dizer acerca dela, como hoje sucede. Ninguém está tão louco, como aquele que considera ser louco, decidir-se a pensar sobre o seu próprio fim.
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