quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Estamos sempre a aprender


O meu cunhado Ricardo ganhou na passada segunda-feira, num concurso radiofónico, dois bilhetes para o musical “Um Violino no Telhado”. Como não podia ir, perguntou-me se queria ir ver a encenação de Filipe La Féria. Aceitei desconfiado e, diga-se, com o distanciamento do preconceito. Acharia que não iria gostar de uma coisa tão popular e, ainda por cima, um musical. Mas lá fui porque a “cavalo dado não se olha ao dente”.
Pois meus amigos que bela bofetada recebi ontem à noite no esgotado Rivoli. O espectáculo é vistoso, grandioso, bem interpretado, bem cantado e dançado, e consegue agarra-nos e deitar por terra todas as manias intelectuais que por vezes nos assaltam. Gostei e gostei muito. E recomendo.
O musical é a história de uma família judaica que vive numa aldeia de judeus na Rússia dos czares. A tradição religiosa é a grande segurança dos seus habitantes, particularmente do protagonista (um soberbo José Raposo) que aos poucos a terá que ir abandonando por causa dos amores das suas filhas. Este pai pobre cederá ao casamento da filha mais velha com um pobre alfaiate; ao casamento da segunda filha com um revolucionário professor bolchevique; mas não cederá ao casamento secreto da terceira filha com um soldado cossaco e cristão ortodoxo. Não contarei o final da peça, apenas recordo o belo diálogo final daquele pai com o seu Deus: “Ó Deus se existes, quem és tu? Mas, se não existes, quem somos nós?”
Na verdade, na dor e na injustiça a pergunta do homem crente pelo seu Deus é indispensável, humana, decisiva, é condição para a fé. Mas sem ele qual o sentido de tudo, do nascer e do morrer, do lutar e trabalhar, do amar e sacrificar?
Confesso, não me entendo nem compreendo sem Ele.

1 comentário:

Gabriela disse...

No tempo em que vivemos, muitos de nós dizemos repetidas vezes:
Quem somos?
Que fazemos?
Para onde vamos?
o caminho a seguir é evidente, no entanto o cansaço da jornada questiona-nos muitas vezes. Precisamos pensar sempre em "pegadas na areia"