sexta-feira, 9 de abril de 2010

Regresso para Ficar

Espero que este post inicie o meu regresso mais regular a este espaço, no estilo de reflexão sobre os (meus) dias. No início da semana que hoje está a terminar entreguei a minha última unidade lectiva para os manuais do secundário da disciplina de EMRC. Esta unidade lectiva versa sobre a Igreja Católica que nestes dias tem estado sobre escrutínio de muitos e de que brevemente aqui deixarei algumas reflexões. Foi bom conseguir entregar um trabalho que há muito ocupava as minhas preocupações. Agora, há que esperar pela resposta e pelas provas de Lisboa.
Ainda na segunda, almocei com duas amigas de uma das minhas paróquias anteriores. Já passaram alguns anos e não foram assim tantos aqueles que com elas convivi, mas é enternecedor como me guardam com tanto carinho no seu coração. Marquei-as por gestos e palavras de que já nem me lembro. Mas uma disse-me algo de que me orgulho: "Não fazia distinção de pessoas. Ia a casa de toda a gente". Talvez não o tenha sempre feito, mas, com certeza, sempre o tentei. Graças a Deus.
Durante toda a semana, que foi de férias no colégio, fui, pela primeira vez, a todas as aulas da faculdade e foi bom rever os meus amigos e companheiros e partilhar com eles alegrias, opiniões e filosofias. Vai ser um semestre duro, são seis disciplinas que tentarei fazer, duas delas sem poder ir às aulas (e só a uma é que vou aos dois blocos de 120m), para ver se, no próximo ano, começo o mestrado. Mas o melhor é que tenho aprendido muito mesmo. Espanta-me esta ansiedade por saber sempre mais alguma coisa, por me maravilhar com novos saberes e com os saberes de tantos, por recusar a acomodação. Sei que é algo de estafado, mas saber que nada se sabe é mesmo o princípio da sabedoria. Diria mais, da tolerância, do amor e, até, da fé.
Sempre a pensar no futuro? Sem dúvida, cada vez mais penso menos no passado e tento acautelar o futuro. Li que quando se é pai o passado perde peso e o futuro torna-se uma preocupação. Talvez. Não é possível olhar para um bebé e não repetir a pergunta das pessoas diante do pequeno João, que viria a ser baptista: "que virá a ser este menino?" Na verdade, estamos lançados no tempo e, se perder o eterno pelo instante é mau, perder o momento pelo que se foi ou poderia ter sido é muito pior. É estagnação, pântano, é morrer antes do tempo. E a esses nem o futuro eterno lhes reserva algo.
Como dizia o meu amigo Daniel Faria:
Pai
Tenho medo de morrer depois da morte
Tenho medo de morrer antes da vida

Um bom fim-de-semana.

5 comentários:

vivalda disse...

Eu sou uma visitante do teu blog, por isso é com muita alegria que recebo a noticia que irás voltar a dedicar mais tempo a este espaço. Sei as razões que te levam à tua "ausência", mas eu mesma sinto a falta das tuas reflexões e partilhas. tempo na tua vida para este espaço.

Fernando Mota disse...

Obrigado amiga pela tua fidelidade e coerência. Abraço

João Amorim disse...

caro Fernando Mota

A sua escrita é tocante. Parabéns pelo blogge.

João Amorim disse...

caro Fernando Mota

Voltei atrás após reler ler o nome Daniel Faria!
Porventura este seu amigo era o poeta que morreu precocemente e cujo espólio estava a ser tratado pela Professora Vera Vouga?
Agora que, infelizmente, a Vera Vouga faleceu quem está a tratar desse espólio?

cumprimentos
João Amorim

Fernando Mota disse...

Antes de mais muito obrigado pelas suas palavras. Espero que continue a passar por este ponto de encontro.
Realmente o Daniel Faria que citei foi o poeta que faleceu precocemente há uns anos atrás. Fomos colegas e amigos de seminário durante 12 anos e prolongamos essa amizade até a morte nos separar. Sinceramente não estou muito por dentro do destino do espólio do Daniel, mas prometo-lhe que me irei informar melhor sobre o assunto.
Um abraço