sábado, 3 de abril de 2010

Sábado Santo

Hora de silêncios. Comprometidos, culpados, desiludidos, solitários, talvez uns poucos meditativos e, com certeza muito poucos orantes. Naquele sábado tudo era sem esperança, tudo era terminus, fim, morte. Hoje o nosso sábado santo já não é assim, mas quantas vezes nos sentimos assim? E quantos assim se sentirão? Viver sem esperança é como viver num túmulo.
A música que proponho é o famoso Parce mihi Domine de Cristóbal de Morales (1500-1553), um dos maiores polifonistas espanhóis da renascença. O texto é tirado do livro de Job 7, 16-21 e é expressão da desesperança que a beleza da música e da interpretação do Hilliard Ensemble com Jan Garbarek não deixam adivinhar, talvez porque enquanto o génio humano for capaz de momentos assim há razões para a esperança e para crer que se tanta beleza não pode ser absorvida pela morte, então o que dizer do amor.

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