quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Em Lisboa

Ontem fui a Lisboa apoiar o meu irmão, na sua participação no concurso televisivo da R.T.P. "Jogo Duplo". Foi a primeira vez que participei, claro como figurante, num programa de televisão. Na passado já tinha dado algumas entrevistas televisivas, mas nunca tinha entrado num estúdio de televisão nem feito a experiência da gravação de um programa. Realmente é um mundo muito diferente. O estúdio é pequeno e estamos todos muito próximos. São dezenas de figurantes que recebem 12, 50 euros por dia e têm direito a lanche e, muitos, já fazem disso uma "profissão" ou uma nova forma de alimentarem as suas magras reformas ou uma forma de convívio numa cidade cada vez mais anónima. Ao apresentador, José Carlos Malato, é exigido um sorriso permanente e uma capacidade de diálogo e de comunicação impressionantes que ele cumpre com profissionalismo e com arte. Toda a produção com quem estivemos era disponível, simpática e andava a cem à hora. A nossa gravação começou às 17h, era já a segunda e ainda haveria uma terceira. As pessoas costumam sair pelas 22h e as interrupções na gravação vão-se sucedendo. Mas tudo isto para quem parecia uma menino extasiado com um mundo novo passou rapidamente.
O meu irmão? Na competição fez o que tinha a fazer: trouxe para casa num dia o que ganharia num mês. Nada mau mesmo. Claro que gostaria que tivesse mesmo ganho (e respondido mais acertadamente), mas, pelas regras do jogo, arriscou quando devia e desistiu quando se exigia. Mas onde ele esteve imparável foi na animação televisiva. Para quem conhece o concurso tudo ali se baseia na construção de uma personagem que interage com o apresentador e os outros. Pois ele fez isso com o excesso das caricaturas e a competência de um profissional do entretenimento. A produção e o público estavam muito satisfeitos com ele. Parece que cumpriu o seu papel com distinção. E isso deixa-me orgulhoso. Parabéns.
Ah, o programa passará no dia 7 de Setembro na R.T.P.1. E, prometo, será divertido. A não perder, pelo menos para a família e os amigos.

Durante o dia, fiz companhia à minha cunhada, Sandra, e à minha mãe que tinham ido no dia anterior porque o meu irmão entrava nos estúdios às 9 horas.
Depois da viagem de Alfa (incrível como este comboio esta subaproveitado nas suas potencialidades, numa linha que o estado português há dezenas de anos não foi capaz de modernizar totalmente. Não é admissível que este comboio passe em zonas a menos de 100 km/h e torne mais rápida a viagem de automóvel. Uma vergonha nacional. Mais uma.) fui ter com elas ao hotel e fomos ao Museu Nacional de Arte Antiga ver a exposição Portugal e o Mundo nos Séculos XVI e XVII. Esta exposição foi elaborada e apresentada em Washington, E.U.A., e, mais tarde em Bruxelas, e foi enriquecida, nesta sua edição portuguesa, com peças fundamentais do tesouro nacional (Painéis de S. Vicente, Custódia de Belém (está incrível depois do seu restauro), Biombos de Namban, etc). A exposição é interessantíssima e mostra como os portugueses marcaram, para o bem e para o mal, a história não só dos novos povos com quem entabularam relações como também das nações da velha Europa. É eloquente o texto Holland Cutter, numa crítica à exposição no New York Times: "Um facto pouco conhecido: uma versão da Internet foi inventada em Portugal há 500 anos por um punhado de marinheiros com nomes como Pedro, Vasco e Bartolomeu. A tecnologia era primária. As ligações eram instáveis. O tempo de resposta era glacial. (Uma mensagem enviada nesta rede poderia levar um ano a chegar.) Eles aguentaram tudo isso. Estavam ansiosos por aceder ao mundo." Uma exposição a não perder, aliás como todo o museu (ah, o quadro de Jheronymus Bosch, As Tentações de Santo Antão, que nunca me canso de apreciar!).

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