Ao contrário do habitual, hoje a minha reflexão sobre a Assunção de Nossa Senhora não vai partir do Evangelho, mas da formulação do dogma que, em 1 de Novembro de 1950, o Papa Pio XII definiu: "Proclamamos, celebramos, definimos ser dogma divinamente revelado, que a Imaculada Mãe de Deus, sempre Virgem Maria, cumprindo o curso da sua vida terrena, foi elevada em corpo e alma à glória".
Apesar de ser, com a Imaculada Conceição e a infalibilidade Papal, um dogma de definição ex cátedra, isto é um dogma não discutido, elaborado e definido em concílio. Apesar de ser um dos dogmas católicos mais polémicos e dos menos consensuais (teologicamente falando), a minha reflexão partirá mesmo da citação papal acima transcrita porque ela revela uma das dimensões mais bonitas e significativas deste dia e tão esquecida na pregação cristã: a valorização do corpo.
Neste dia celebra-se a estima e o valor do nosso corpo que não se reduz à definição científica de um conjunto de células ou organismos bioquímicos, nem se aceita como algo sem valor destinado a envelhecer e a se desfazer em pó. Ao celebrarmos a Assunção de Maria, celebramos que o corpo é o espaço da minha relação com o outro, com o sujeito das minhas muitas formas de amar, com a natureza e com Deus. Pelo corpo estabeleço relações, pelo corpo celebro a vida, com o corpo vivo a minha fé, no corpo escrevo a história dos meus dias e nele o tempo deixa a sua indelével marca. O corpo humano que acaricia, abraça, beija, conduz, adoece, dói, bate recordes, etc, etc, está junto de Deus porque Deus não ama seres impessoais mas cada um no que é, totalmente. Por isso, no meu corpo me encontrarei junto de Deus, misteriosamente, tal como hoje celebramos com Maria.
Neste dia celebremos o nosso ser todo(na velha, ultrapassada e antiquada afirmação corpo e alma) porque todo ele é objecto do amor carinhoso de Deus. Tal como o foi com o de Maria de Nazaré.
sábado, 15 de agosto de 2009
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