segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Na Sinagoga de Cafarnaum

Chegamos neste domingo à segunda etapa do nosso percurso reflexivo deste primeiro tempo comum de 2009: (de um encontro pessoal) para o encontro com os outros. Jesus desafia-nos a encontrarmo-nos com ele para irmos ao encontro dos outros para que aquele momento fundador da nossa opção cristã seja consequente e transformador do mundo.
Ontem (domingo) escutamos o Mestre numa sinagoga não só a ensinar mas a libertar um alienado, um outro que não é senhor de si, alguém não integrado na sua comunidade. Não é por acaso que a cena se desenrola no espaço religioso de então. Não é por acaso que aquele homem até reconhece Jesus como o Santo de Deus. Tal acontece para nos fazer recordar que como cristãos temos que fazer das nossas comunidades cristãs espaços de libertação e não de alienação, espaços de integração e não de exclusão, espaços de fé vivida e não de "fé" reprodutora de fórmulas gastas, sem conteúdo e sem desafios aos homens e mulheres do nosso tempo.
A nossa tarefa primeira como cristãos (os tais pescadores de homens), a começar pelo interior das nossas paróquias, não é celebrar um culto, não é fazer teologia, não é pregar uma moral, mas curar solidões e desintegrações (sociais, económicas, laborais, culturais, étnicas, etc); libertar prisioneiros do consumo, da vaidade e da religiosidade doentia e amedrontada; arrancar do desânimo os abatidos pelo cansaço, os desiludidos pelos fracasso de uma relação ou de um casamento, os derrotados por mais um despedimento; ajudar a cicatrizar as feridas de uma doença prolongada, de uma morte devastadora, de uma depressão interminável. Enfim, somos chamados a demonstrar que a fé em Jesus faz bem, cura, liberta, trás vida.
Dizia Jesus àquele homem prisioneiro: Cala-te... Se calhar é disso que as nossas comunidades cristãs estão a precisar: de menos conversa e mais acção coerente com o Mestre.

2 comentários:

Catarina disse...

como era bom que todos pensassem assim mas a maioria dos cristãos neste dia a dia só pessa nas luxurias do dia a dia e nas do momento.
Mas ainda existem aqueles que não se importam de ajudar e acolher aqueles que mais precisam...

Salete disse...

(...) mais acção coerente com o Mestre"
Existirá coerência quando a resposta que ELE nos pede é tão exigente...
Fazermo-nos um só com cada um... ser o primeiro a amar... amar a todos, mesmo os nossos inimigos... fazer ao outro o que gostariamos que nos fizessem a nós...
Estarmos dispostos a ser "nada", a fazer "vazio" nas nossas vidas para nos "preenchermos" com o outro...
O esforço de reescrever o evangelho com a nossa vida diária!!!
Onde revemos esta coerência, se as nossas palavras falam mais alto (que as nossas acções) e se ousamos interpretar (à nossa maneira) o sentimento e as acções de cada um.