Nos últimos dias tenho-me cruzado pessoalmente e informaticamente com muitos amigos. Na sexta estive à beira mar com uma amiga jovem que tem a impetuosidade do mar caldeada pelos muitos desafios da sua vida; no sábado fui almoçar a casa de um velho amigo por quem, apesar dos muitos anos em que não nos vimos, mantenho uma profunda admiração agradecida pela sua fidelidade e coerência. Neste início de semana, têm sido muitos os amigos de todas as horas que, mesmo com problemas, cansaços, doenças e distâncias, não regateiam amizade feita de palavras imerecidas e gestos generosos. E eu vou retribuindo como posso e sei. Assim se vai cumprindo o Evangelho de domingo.
Para todos os meus amigos, principalmente para os mais desiludidos e descrentes em si e na vida, "ofereço" este poema que ontem recordei ao escutar quem muito deseja recomeçar.
Sísifo
Recomeça…
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar
E vendo,
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
Miguel Torga, Diário XIII
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