domingo, 8 de fevereiro de 2009

"Os meus dias desvanecem-se sem esperança." Job

"Eu recebi em herança meses de desilusão e couberam-me em sorte noites de amargura". Deixai que hoje a minha reflexão comece pela primeira leitura do livro de Job, esse corajoso e bom homem que coloca as questões que ainda hoje sentimos tão fortes e angustiantes: porque se sofre? Porque sofre o inocente? Porque morrem agoniando de fome, cancro, cataclismos tantos inocentes, novos e velhos? Como responde Jesus de Nazaré, o Cristo, a este desafio humano que coloca em causa o divino? "Aproximou-se, tomou-a pela mão e levantou-a (...) retirou-se para um sítio ermo e aí começou a orar".
Mais uma vez Jesus não responde com a razão à irracionalidade, à incompreensão, à loucura do sofrimento. Ele sabe que a dor existe. Ele vê o sofrimento humano. Ele sente o que é ser injustiçado pela aleatoridade do mal. E, por isso, só tem uma resposta: o bem. Ao mal em todas as suas variantes só há uma alternativa: o bem. E o que é esse bem? Aproximar-se, dar a mão, levantar e tudo isso apoiado numa profunda e vital união com Deus (oração) porque senão não há quem aguente viver diante do sofrimento do outro, não há fé que se mantenha diante do sofrimento do inocente, não há esperança que sobreviva diante da permanente vitória da dor e da morte. Somente isto os cristãos são chamados a levar aos outros, aos que mais estão estigmatizados pelo absurdo da dor, do sofrimento, do mal: proximidade, mão aberta, palavra que edifica, numa palavra o amor que cura. Porque também aqui temos que responder ao mal com o bem.
Tantos dizem: como manter-me crente diante de tanta dor injusta? Podíamos responder com magníficos discursos racionais, mas optemos pelo discurso dos referidos gestos cristãos para que os mesmos perguntem: donde lhes vem o bem que fazem? Donde lhes vem o amor que dão? Onde bebem tanta esperança? Num mundo com tanta dor sem sentido, donde vem o Sentido?

2 comentários:

Catarina disse...

Gostei muito de ler a tua reflexão...
esta leitura deixou-m a pensar e ao mesmo tempo rejubilou a minha esperança no futuro. quantas s as vezes que a noxa presença vale mais do que mil palavras..
espero conseguir seguir sp o exmplo d Jesus e ajudar akeles k mais precisam!

Salete disse...

Um simples gesto, mas uma entrega plena ao outro...
Estender mão, uma entrega amorosa para acolher a dor do outro, faze-la nossa.
Tantas vezes o suficiente, que substitui todas as palavras que poderiam ser ditas.
A força de uma mão estendida, que acolhe, que ajuda... o abraço onde dizemos que não está só... haverá palavras com esta força, quando estes gestos dizem: "Estou aqui, partilho a tua dor, podes contar comigo..."
Ser capaz de agir seguindo o exemplo do Mestre, é daí que vem o amor que na dor qualquer um precisa de sentir...
Obrigada.