
A peça desenrola-se em 1964, num colégio católico no bairro de Brox, e aborda a questão dos abusos sexuais cometidos pelo clero, o confronto de uma posição conservadora frente a uma nova perspectiva cristã que daria origem ao Vaticano II e, principalmente, a questão da dúvida que toda a fé e toda a decisão implica.
A reitora, interpretada por Streep, é uma freira dura, resoluta e desconfiada de tudo o que é novidade. Uma imagem que todos guardamos na memória. Mas será ela que manifestará, por detrás de toda aquela austeridade, um humor fino, uma verdadeira compaixão humana, uma corajosa fidelidade a Cristo que a leva a desafiar o argumento hierárquico da autoridade e uma crente fragilidade que a levam a derramar lágrimas acompanhadas da palavra repetidamente pronunciada: "dúvidas, tantas dúvidas". Mais que dúvidas da culpabilidade do sacerdote, são as dúvidas de um crente diante do mistério mais difícil da nossa fé: a Igreja, na sua dupla realidade carismático-institucional. Mas é essa dureza da fidelidade (não confundir com acefalia) que tornam fascinantemente exigente a nossa opção católica. O amor à Igreja, como todo o amor, é aceitar o outro com tudo o que ele é, com todas as suas facetas, com todo o seu ser e abraçá-lo dorida e apaixonadamente.
Como vêem estamos diante de um bom filme a não perder por todos os que fazem parte activa do povo de Deus.
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