terça-feira, 20 de janeiro de 2009

"Que procurais?"

Foi um fim de semana muito reconfortante: a serra estava lindíssima, no sábado almocei na magnífica quinta do Paço dos Duques de Santar (Nelas) e no domingo fui ver um interessante filme de que vos falarei durante a semana. No entanto, deixarei hoje o habitual comentário ao evangelho de domingo passado.
No domingo passado aprofundamos o tema do encontro pessoal. "Que procurais?" perguntava Jesus aos dois discípulos de João que o seguiam. Que procuramos nós que seguimos Jesus de Nazaré? O conforto, o sentirmo-nos bem, uma segurança, uma pacificação interior? O verbo procurar é o mesmo lançado, na manhã de Páscoa, às mulheres que iam ao sepulcro, portanto é uma questão decisiva para os cristãos nascidos da Páscoa de Jesus.
O interessante é que os dois discípulos não filosofaram, não disseram que procuravam a salvação, a felicidade, a paz, etc, etc. Nada disso, somente o fundamental: "Onde moras?" Isto é, quem és tu? Queremos conhecer-te. Ouvimos falar de ti, mas não nos chega, queremos mais, queremos comer contigo, viver contigo, dialogar contigo, criar uma relação pessoal para podermos viver em comunhão. Enfim, para acreditarmos teremos que sentir e ver se és de confiança, se te podemos confiar a vida, se te podemos colocar nas tuas mãos.
E Jesus? Nada diz, nada argumenta, não se põe a dar sermões nem catequeses, apenas desafia: "Vinde e vede."
Ninguém é cristão por ouvir falar de Jesus mas por o ter encontrado. Ninguém é cristão por tradição mas por conviver com Ele todos os dias. Ninguém é cristão por sociologia mas porque dialoga com Ele, come com Ele, trabalha com Ele, adormece com Ele, vive com Ele. Isto é a fé cristã : uma relação pessoal e amorosa com um homem que, como todas as relações pessoais, tem que se alimentar, cuidar, aprofundar, fazer crescer sem rotinas, nem tempos mortos nem silêncios eternos.
Sei que para um cristão leigo tal é muito difícil. Também eu o sinto nestes últimos anos: o trabalho, as preocupações, as contas para pagar, a família, o barulho, o ritmo alucinante, o stress. Tudo dificulta esta relação cristã, mas é por isso que temos que dar espaço ao Mestre, à sua palavra, à sua presença. Como? Aproveitando o que a Igreja nos oferece: a Eucaristia (padres como é grande a vossa responsabilidade! E tantas vezes desaproveitada!), a formação, os tempos fortes (o tanto que se pode fazer, mas não se faz!), retiros, caminhadas, grupos, movimentos, etc. Criando espaços na nossa vida pessoal e na nossa casa para ler, rezar, meditar, aprofundar. Até num fim-de-semana fora se contempla o Mestre e se aprende com Ele pela natureza, pelos outros e pelo tempo livre.
Ele pode morar connosco...

1 comentário:

Manuela disse...

Fernando, desde que descobri o teu blog que gosto de o visitar regularmente. Obrigada pelas reflexões que nos ajudas a fazer! No domingo passado, fugi do local habitual onde costumo participar na Eucaristia e fui à procura. Encontrei um desses padres que nos fazem rflectir verdadeiramente na Palavra de Deus. E foi mesmo reconfortante!