sábado, 10 de janeiro de 2009

Nas margens do Jordão


A temática reflexiva que proponho para estes sete domingos do tempo comum é a seguinte: De um encontro pessoal para o encontro com os outros. São duas etapas. Na primeira somos convidados a conhecer a morada do Mestre, a ir às raízes da nossa condição cristã para alicerçados naquilo que nos distingue e inspira podermos ser uma mais valia para os nossos contemporâneos.
A nossa biografia cristã começa no nosso baptismo, aquele momento em que plasmamos a nosso vida na Vida de Jesus (Cristãos). Por isso, quando escutarmos hoje “Tu és o meu filho muito amado, em ti pus toda a minha complacência” não fiquemos pela conclusão óbvia de que o Pai falava somente para Jesus, mas ousemos acreditar que o Pai se dirige a mim, a ti, àquele que está ao meu lado, a cada homem e mulher. E se tal afirmação é uma consolação, um bálsamo para o nosso amor-próprio (bem necessário) é também um conjunto de perguntas bem certeiras: que tenho feito dessa força que me foi oferecida muito antes de eu poder dizer creio? Que rotinas e abandonos me fizeram esquecer a minha dignidade cristã original? Em que outras águas (pantanosas) da indiferença, da ambição, do egoísmo, da facilidade me deixei envolver? Que espaços oferecem as comunidades paroquiais para aprofundar o sentimento de filhos, para amadurecer e fazer crescer esta relação pessoal com Aquele que dizemos seguir? Quantas vezes fomos causa de alheamento e afastamento revoltado daquele convívio por causa de rotinas incontornáveis, leis absurdas e insensibilidade humana?
Temos todos (clero e leigos) que regressar às margens do Jordão para nos sentirmos e sabermos filhos e irmãos amados, acarinhados e escolhidos para acolher, erguer, libertar a vida dos outros e, por aí, a nossa.

1 comentário:

Grupo de Jovens disse...

Uma vez mais o seu texto é inspirador e leva-nos a uma reflexão concreta: Como temos vivido o nosso próprio batismo...
Como a lembrança de um dia que aconteceu há muitos anos, perdido no tempo, que nos foi relatado por outros; ou como o sinal renovado do sim que demos, que diariamente vivemos de forma concreta, reflexo da nossa aposta num ideal maior do que nós, um ideal pelo qual vale a pena viver...
Obrigado pela sugestão!