terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O Estranho Caso de Benjamin Button


Fui há cerca de uma semana ver o novo filme de David Fincher, O Estranho Caso de Benjamin Button. Sim, esse das 13 nomeações para Óscar. David Fincher tem no seu currículo filmes marcantes como Seven (1995), O Jogo (1997), e, principalmente, Clube de Combate (1999) e Zodiac (2007). E outros menos bem conseguidos como Sala de Pânico (2002) e aquela super nomeada história de Benjamin Button. Tenho pena que o filme falhe narrativamente, se banalize na sua progressão ao longo da história do século XX, se trivialize na sua fotografia turística e nas opções fáceis para impressionar. Ainda por cima é muito longo e sente-se essa longevidade. E tenho pena porque além de excelentes actores (caracterização, montagem, efeitos especiais), o filme tem uma lindíssima reflexão sobre o envelhecer, tem um olhar crítico e reflectido sobre o mito (tão actual) da eterna juventude, da vontade de parar o tempo, de negar as marcas do tempo no nosso corpo e no nosso espírito.
Como devem saber, no filme Button nasce velho e ao longo da vida vai-se tornando cada vez mais novo até terminar numa infância sem memória e num bebé inexpressivo. Ele tem o tempo fechado, contado sem a incerteza, a abertura do homem comum. Este envelhecendo não deixa de tentar alcançar os seus sonhos nem de sonhar (ver no filme a personagem Tilda Swinton), recorda e conta a sua história e com ela aprende e ensina, vive a vida como um dom que se entende quando começa mas se oferece quando acaba, pode sempre recomeçar porque o caminho inexorável do tempo não o impede de arriscar porque o futuro é indefinição.
Assim e apesar da desilusão cinéfila, saí do cinema satisfeito porque envelhecer, mais que uma fatalidade é a grande oportunidade que temos de não deixar de acreditar na possibilidade de realizar as nossas utopias. Aliás, as grandes lições que tenho recebido ao longo da vida têm sido dos mais velhos. E grande parte do meu amor vai para alguns homens e mulheres que já cá vivem há algum tempo e de quem tanto dependo.

1 comentário:

Grupo de Jovens disse...

Se olharmos o envelhecimento como caminho percorrido, experiência adquirida, aprendizagem... será sempre uma mais valia envelhecer (um aspecto meramente fisico )...
Além de tudo, será manifestação de vida, de entrega a projectos, individuais ou colectivos e entrega aos outros... ter objectivos... verdadeiramente viver!
Porém, para aqueles em que envelhecer é caminhar para o fim, para o desaparecimento, este mero existir só pode ser uma fatalidade...
Viver (envelhecendo fisicamente) parece uma coisa rara... muitas pessoas, limitam-se simplesmente a existir!