Não estou a falar do tempo, que é como é e nunca será grande tema de conversa ou reflexão. Estou a falar da notícia que li sábado passado que demonstra, mais uma vez, o autismo, a insensibilidade, a desumanidade e o desfasamento de uma parte (infelizmente, muitas vezes a mais visível) da Igreja de que faço parte.
A Congregação para a Doutrina da Fé publicou uma instrução sobre diferentes assuntos relacionados com a biotecnologia onde faz uma longa lista de actos condenáveis que mistura tudo com uma linguagem lamentavelmente desfocada e desfasada da melhor teologia moral católica. Coloca desde já imensos casais cristãos que não têm culpa de serem doentes (a infertilidade é uma doença) numa posição de praticantes de ilícitos morais. Atente-se nisto: “é moralmente ilícito usar uma técnica que se realiza fora do corpo dos conjugues, mediante gestos de terceiros” que é usada, por exemplo, nos problemas de fertilidade masculina. Mais: condena o diagnóstico genético (vejam, o diagnóstico!) pré-implantatório para evitar defeitos genéticos dos embriões (são muitos os casos em que mudando o sexo de uma criança se a salva de doenças congénitas ou até que este diagnóstico salva vidas humanas). É triste e contraditório porque, graças ao Espírito, muitos sacerdotes e cristãos adultos já nem ligam a esta surdez e indiferença romana aos gritos de tantos “Bartimeus” que à beira do caminham não deixam de clamar por salvação.
Ponderei muito se havia de escrever este texto, mas é preciso que o mundo saiba que nem todos os católicos são retrógrados e cegos como alguns no nosso meio teimam em ser. Vem-me à memória aquele texto do evangelho (ah o evangelho tão longe de alguns corações!) em que Jesus dizia aos fariseus: “Se fosseis cegos não teríeis pecado; mas dizeis: ‘Nós vemos!’ O vosso pecado permanece” (Jo 9, 41).
É triste mas as nuvens deste advento vieram donde menos se esperava.
A Congregação para a Doutrina da Fé publicou uma instrução sobre diferentes assuntos relacionados com a biotecnologia onde faz uma longa lista de actos condenáveis que mistura tudo com uma linguagem lamentavelmente desfocada e desfasada da melhor teologia moral católica. Coloca desde já imensos casais cristãos que não têm culpa de serem doentes (a infertilidade é uma doença) numa posição de praticantes de ilícitos morais. Atente-se nisto: “é moralmente ilícito usar uma técnica que se realiza fora do corpo dos conjugues, mediante gestos de terceiros” que é usada, por exemplo, nos problemas de fertilidade masculina. Mais: condena o diagnóstico genético (vejam, o diagnóstico!) pré-implantatório para evitar defeitos genéticos dos embriões (são muitos os casos em que mudando o sexo de uma criança se a salva de doenças congénitas ou até que este diagnóstico salva vidas humanas). É triste e contraditório porque, graças ao Espírito, muitos sacerdotes e cristãos adultos já nem ligam a esta surdez e indiferença romana aos gritos de tantos “Bartimeus” que à beira do caminham não deixam de clamar por salvação.
Ponderei muito se havia de escrever este texto, mas é preciso que o mundo saiba que nem todos os católicos são retrógrados e cegos como alguns no nosso meio teimam em ser. Vem-me à memória aquele texto do evangelho (ah o evangelho tão longe de alguns corações!) em que Jesus dizia aos fariseus: “Se fosseis cegos não teríeis pecado; mas dizeis: ‘Nós vemos!’ O vosso pecado permanece” (Jo 9, 41).
É triste mas as nuvens deste advento vieram donde menos se esperava.
1 comentário:
Acredito na actualidade da parábola dos talentos.
A medicina, graças à investigação médica, pode diminuir os efeitos e até eliminar doenças.
Resta pensar se devemos "enterrar" a capacidade humana de superar a doença, ou se devemos faze-la render quando colocada ao serviço da humanidade.
Concordo consigo, pois acredito que há outras questões que devem merecer a atenção da Igreja, que continua presa a conceitos rígidos e por vezes tão pouco concreta.
Uma Igreja que não acolhe nem inclui todos, que valoriza leis mesmo quando são causa de exclusão.
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