
Deixo mais um poema seu, que muitas vezes dei aos meus jovens nas actividades maiores do Verão.
Lembra-te do teu Criador nos dias da mocidade
A tua única herança para os dias da desgraça
Cava fundo o coração para a lembrança
Antes que digas não tenho mais prazer
Antes que a noite seja noite e não vejas mais o sol nem as estrelas nem os filhos]
Antes que voltem as nuvens como a chuva depois da viuvez
Antes do dia em que as mulheres, uma a uma, pararem de moer
Quando a escuridão cair sobre os que olham pela janela
Quando se fecha a porta da rua e o ruído não diminui
Quando se acorda com o canto do pássaro e as palavras desaparecem
Quando a altura se assemelha aos sustos que se apanham no caminho
Quando a amendoeira está em flor e o gafanhoto se torna pesado
Quando o tempero perde o sabor
Antes que a tua única herança seja a lembrança
Antes que o fio de prata se rompa e a roldana rebente no poço
Antes de tudo isto
Põe uma escada e sobe ao cimo do que vês.
A fotografia é do grande amigo comum Joaquim Santos. E se não erro, foi tirada no santuário da Senhora da Lapa, na Serra da Lapa, concelho de Sernancelhe.
Um dia escreveu-me dizendo que eu era a mais antiga das suas amizades... Ainda o é e será...
2 comentários:
É incrível como me lembro do teu amigo e era eu muito pequeno: de olhos claros, aparentemente frágil, humilde, muito calado e tímido no nosso mundo, mas por aquilo que sei, com um força interior tão pessoal e só compreendida pelas suas obras.
Eu era pequeno, mas era e sou observador. Não me esqueço de certo tipo de pessoas.
Aproveito e deixo uma mensagem:
"Houvesse um sinal a conduzir-nos
E unicamente ao movimento de crescer nos guiasse. Termos das árvores
A incomparavél paciência de procurar o alto
A verde bondade de permanecer
E orientar os pássaros"
A vida como se costuma dixer é madrasta...
Mas assim teria de ser.
A nossa vida é como uma caminhada, que imaginamos bem longa mas por vexes para alguns esta é tão curta...
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