Aqui no concelho de Ovar o Carnaval é o momento alto da identidade destas gentes. Hoje tentarei, pela primeira vez, entrar um pouco no seu mundo porque entendo que é preciso muita fé e esperança para no meio de tantos augúrios negros sobre o futuro ainda haja quem queira brincar, fazer festa e rir. E isso é muito importante.
Já em 1444, na Faculdade de Teologia de Paris, os estudiosos cristãos justificavam esta festa e eu subscrevo o que então diziam. Faço-o muito satisfeito por saber que em plena Idade Média havia crentes bem mais inteligentes e sensíveis ao mundo do que alguns (poucos?) em pleno século XXI.
"Os nossos iminentes antepassados permitiram esta festa. Porque haveria ela de ser-nos interdita? Os toneis de vinho rebentariam, se de vez em quando se não abrisse o batoque para arejá-los. Ora, nós somos velhos toneis mal ajustados que o vinho da sabedoria rebentaria, se o deixássemos ferver numa devoção contínua ao serviço divino. É por isso que dedicamos alguns dias aos jogos e à palhaçada, a fim de voltarmos em seguida com mais alegria e fervor ao estudo e aos exercícios da religião".
Por isso, façamos festa porque é bom estarmos vivos, é bom sentir-se amado, é bom ter oportunidade para celebrar a vida. Um bom Carnaval para todos.
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1 comentário:
Nunca tinha analisado as coisas nesta perspectiva!
Não obstante tratar-se de uma noção adquirida...
A necessidade de "arejar"... de deixar entrar uma lufada de ar fresco na nossa rotina diária...
Fazer paragem interior...
A necessidade deste tempo (de pausa), é como se alguém nos dissesse que devemos parar para repensar as nossas certezas...
Para tornar possivel reafirma-las com uma nova convicção.
Aquela de quando colocamos à prova o que somos e o que pensamos, mas para tornar possivel a certeza do que queremos ser e de como queremos agir...
Só assim é possivel uma vivência renovada, capaz de se tornar mais convicta, mais segura... e nesta redescoberta, avançar...
E se o carnaval tornar possivel este modo de estar... então fantástico, que seja "carnaval" mais vezes no ano!
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