domingo, 9 de maio de 2010

VI Domingo da Páscoa

O domingo de Páscoa já foi há seis semanas e muitos de nós já sentimos na pele a torrente dos dias, a limitação das horas, o cansaço acumulado, o esfumar-se da esperança, enfim uma profunda, exterior e interior, falta de paz. E nestas alturas todas as nossas portas de fecham; não damos oportunidade a ninguém: nem a Ele, nem ao outro, nem à alegria, nem à esperança. Por tudo isso, vale a pena (como sempre) escutar hoje o Mestre, no Evangelho.
Ele diz-nos que nos deixa a sua paz, que é uma paz nova, que não é uma paz negociada, acordada sobre vários cadáveres, que não é a paz da irresponsabilidade, do ter, do gozar, do estar acima de, mas que é paz de nos sabermos amados e habitados por Deus ("meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada") porque escutamos e guardamos a única palavra de vida e de paz que é a de Jesus.
Nós os cristãos cansamo-nos como os outros, mas não desesperamos; sentimos e experimentamos a tristeza, a dor e a solidão, mas não nos deixamos abater, não desistimos de lutar, não nos fechamos orgulhosamente sós; deixamos que o stress habite os nossos dias, mas não nos perturbamos nem nos intimidamos porque somos habitados por Deus, porque o Espírito de Jesus, a sua única e verdadeira lei, age, fala e inspira não desde fora, mas no interior da nossa inteligência e do nosso coração. Se amamos é porque deixamos o Espírito de Jesus agir em nós. Assim, como todos, podemos sentir o sem sentido, mas não nos entregamos a ele porque nos entregamos a um Deus que não fala do cimo da montanha, que não se esconde em lugares indignos para os humanos, que não vive ostensivamente separado do homem, que não impõe purificações nem oblações mas que está e age no coração do mundo: em nós.
Assim, caminhamos confiantes porque temos os olhos, as mãos, o coração, a vida colocados num Deus de portas abertas a todos os homens e mulheres de hoje e de sempre. Que grande notícia. Que esperamos por a proclamar? Homem Deus está em ti, se o matas és tu que pereces não porque ele te castigue, mas porque não te entendes nem entendes a vida sem Ele e o mundo seria um lugar mortalmente inóspito. Se lhe dás oportunidade, és tu que vencerás. Tudo. Até a morte.

Sem comentários: