quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Carta da China IV

Recebi há pouco a notícia de que vamos receber no colégio vinte participantes no encontro ibérico de Taizé, que, com os nossos dezasseis, constituiremos um grupo de trinta e seis em busca das verdadeiras fontes da alegria. Agora, vou estar em retiro até sexta, dia do exame, depois dedico-me a 100% por cento ao encontro. Até lá sei que a equipa que está comigo assumira responsavelmente os preparativos. Há que saber delegar. Aqui fica mais um pouco da carta da China.

Deixarmo-nos trabalhar pela sede de Deus não nos desliga das preocupações do mundo que temos à nossa volta. Pelo contrário, esta sede leva-nos a fazer o impossível para que outras pessoas possam tirar proveito dos bens da criação e encontrem uma alegria de viver. Fazer uma escolha dos nossos desejos, aceitarmos não ter tudo, leva-nos a não monopolizarmos as riquezas para nós próprios. Santo Ambrósio já dizia no século IV: «Não são os teus bens que distribuis ao pobre, apenas lhedás o que lhe pertence.» Aprender a não termos tudo preserva-nos do isolamento. As facilidades materiais levam muitas pessoas a fecharem-se sobre si mesmas, descurando as verdadeiras formas de comunicação. Bastaria muito pouco para que as coisas não fossem assim. Há muitas iniciativas de partilha que estão ao nosso alcance: desenvolver redes de entreajuda; favorecer uma economia solidária; acolher os imigrantes; viajar para compreender por dentro outras culturas e outras situações humanas; promover geminações de cidades, de vilas, de paróquias, para ajudar aqueles que precisam de auxílio; utilizar bem as novas tecnologias para criar laços de apoio... Permaneçamos atentos para não nos deixarmos invadir por uma visão pessimista do futuro, focando-nos nas más notícias. A guerra não é inevitável. O respeito pelos outros é um bem inestimável para prepararmos a paz. As fronteiras dos países mais ricos devem poder abrir-se mais. É possível haver mais justiça na terra. As análises e os apelos com vista a promover a justiça e a paz não faltam. O que falta é a motivação necessária para perseverar para lá das boas intenções. O Evangelho convida-nos à simplicidade. Escolher a simplicidade abre-nos o coração à partilha e à alegria que vem de Deus.

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