segunda-feira, 9 de março de 2009

Três notas para três dias

Sexta-feira: à noite fui fazer compras ao hipermercado em Gaia e, ao vir colocar os sacos no carro, acidentalmente olhei para uma daquelas bancas minúsculuas que, nos átrios hiper movimentados dos shoppings, nos tentam vender cartões de crédito. O que me marcou foi o olhar entre o hesitante e o aterrado do seu vendedor. Era um homem dos seus cinquenta e muitos anos, alto, de pose nobre e muito digna, no seu fato claro. Ele não sabia, no meio daquele rodopio de gente, se havia de abordar alguém e preparar-se para mais uma daquelas desculpas que todos usamos ou se havia de ficar ali, implorando com o olhar por alguém que dele se abeirasse e o ajudasse a carregar com aquele emprego que era tão necessário como deslocado no tempo. Nada fiz.
Fiquei toda a noite com o rosto daquele homem na memória. Rezei por ele.
Como é terrível sermos indiferentes! Como deve ser duro parecermo-nos invisíveis para os outros!
Sábado: Sexta-feira terminei o meu último capítulo da minha unidade lectiva sobre os novos movimento religiosos. Hoje, já em equipa, estivemos a lê-la e a fazer as correcções e os ajustamentos necessários. Ficamos a meio, mas penso ter atingido o meu fim: está um bom documento de trabalho, tem uma coerente linha de pensamento e é mais um passo na dignificação cientifico-pedagógica da disciplina de E.M.R.C.
Domingo: Almocei hoje com uma família amiga que não via há mais de cinco anos, desde que saí de Santo Tirso. O Sr. Campos fazia ontem o seu aniversário e a sua esposa teve a generosidade de me convidar a juntar-me às filhas Paula e Patrícia, que vieram, respectivamente, da Dinamarca e da Madeira para o celebrar, na sua casa de Vila do Conde.
Conheci esta família no meu estágio em Santo Tirso, no ano de 1995. Tivemos um grupo de preparação para o Crisma e, desde então, a porta da sua casa esteve sempre aberta para mim. Foram muitas as vezes que, já na minha vida paroquial, ali encontrei refúgio, escuta, camaradagem, dois dedos de conversa à volta de um verde branco, sempre fresco, e claro muita amizade. São quatro pessoas que me fazem acreditar que realmente o Espírito do Senhor habita muitos corações humanos. Não sei se eles alguma vez lerão este post, mas sinto-os como família e da mais próxima. Obrigado.

1 comentário:

Antonio Campos disse...

O obrigado é nosso. Foi uma felicidade imensa para todos nós.
A porta continuará sempre aberta para receber um verdadeiro amigo.