domingo, 20 de junho de 2010

XI Domingo do Tempo Comum

Vivemos uma época de opinião. Quase todos opinamos sobre quase tudo. Atente-se nos fóruns radiofónicos e televisivos, leia-se (para quem tiver paciência) os imensos comentários a notícias na internet, os blogues sobre tudo e mais alguma coisa, sondagens, inquéritos, tertúlias, etc. Tudo isto mostra o império da opinião, que nem sempre é o da razão.
Mas falo deste assunto porque no evangelho de hoje (Lc 9, 18-24) Jesus lança uma dupla questão que mantém hoje uma actualidade pertinente e reflexiva: "Quem dizem as multidões que eu sou? (...) E vós, quem dizeis que eu sou?". À primeira questão ainda hoje, tal como então, são muitas as opiniões sobre Jesus das mais desvairadas às mais ortodoxas, passando pelas de maior ou menor indiferença. Mas a questão decisiva é a segundo que ele lança aos seus discípulos de hoje. E aqui peço desde já calma, não respondam tão depressa, não citem qualquer fórmula que não sabem o que quer dizer nem o que implica, não tragam as respostas infantis para alegrar catequistas ou o senhores padres, não se apressem, como fez Pedro, em debitar lugares comuns ou expectativas messiânico-religiosas.
Porquê? Porque Jesus, logo a seguir à impetuosa resposta de Pedro, mais que uma opinião sobre si pretende uma vida consigo. Jesus rejeita respostas aprendidas e memorizadas (lembram-se das fórmulas na catequese?) porque dizer quem ele é, dizer o que ele significa para mim, dizer o espaço que ele ocupa na minha vida só tem uma forma de se fazer: vivendo como quem dá, como doação, como entrega, como aparente perda.
Quem quiser andar com Jesus, caminhar com ele só tem um caminho: renunciar a si próprio, tomar a cruz todos os dias e segui-lo. Isto é, amar. Sim amar porque amar é renunciar a si próprio, amar é cruz, é sacrifício, é esquecimento de si, é doação, é oblação.
A resposta do cristão à pergunta de Jesus - Quem dizes que eu sou? - não é uma questão de opinião, mas de vida vivida e implicada na resposta diária a que cada um de nós é chamado. E isto é para todos (não só para alguns iluminados ou escolhidos) e para todos os dias (não só para alguns dias de festa ou algumas horas de rito religioso).

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